A julgar pelo modo como vemos as coisas e encaramos a realidade, nossas impressões, por vezes, carecem de precisão e, até, de verdade. Nem sempre por maldade, mas por falta de profundidade; por superficialidade.
Entendo que cada pessoa é única; que deve ser vista de modo único e que, toda generalização é burra. Mas, devo afirmar que, não raras vezes, vivemos do óbvio, da afirmação materialista, da briga por coisas miúdas, da corrida atrás do vento, da satisfação momentânea, das manias e caprichos, dos pesos sem medida… e parece que isso nos basta; que temos tudo; que já é suficiente.
Será, mesmo, que você tem tudo o que precisa? Basta o que você encontrou? Você está contente? Está satisfeito? Não lhe falta nada?
Afinal, o que, realmente, você precisa?
Você pensa que tem tudo; que já basta; que nada lhe falta. Mas, você sabe que isso não é verdade e tem consciência que vive enganando-se com uma falsa satisfação. Você sabe que não tem tudo; que lhe falta muito e, quem sabe, que lhe falta tudo!
Você tem casa, mas não tem um lar; tem dinheiro, mas não em riqueza; tem relógio, mas não tem tempo; tem celular, mas não tem contato pessoal; tem carro, mas não tem direção; tem emprego, mas não tem serviço; tem roça, mas não tem colheita; tem bens, mas não tem patrimônio; tem herança, mas não tem família.
Você tem ação, mas não tem iniciativa; tem armas, mas não tem paz; tem colegas, mas não tem amigos, tem vontade, mas não tem querer; tem desejos, mas não em autocontrole, tem boca, mas não tem palavra; tem palavra, mas não tem comunicação; tem conversa, mas não tem diálogo; tem lei, mas não tem disciplina; obrigação, mas não tem gratuidade; tem resignação, mas não tem obediência.
Você tem riso, mas não tem alegria; tem alegrias, mas não tem felicidade; tem independência, mas não tem autonomia; tem bondade, mas não tem caridade; tem religião, não tem fé; tem Deus, mas não tem confiança…
Diante de tudo isso vale a pena considerar o que diz a Palavra de Deus:
Eclesiástico 5,1-8. “Não confie em suas riquezas, nem diga: ‘Elas resolvem tudo’. Não siga o seu instinto nem a sua força, para satisfazer os seus caprichos. Não diga: ‘Quem me poderá dominar?’ Porque o Senhor castiga, e castigará você. Não confie nas riquezas injustas, porque elas não o ajudarão no dia da desgraça.”
Eclesiástico 11,20-28. “Persevere em sua tarefa, faça dela a sua vida, e envelheça cumprindo o seu dever. Não admire o que o pecador faz. Confie no Senhor e persevere na fadiga, pois é fácil para o Senhor enriquecer um pobre de repente. A bênção do Senhor é a recompensa para quem é fiel, e a bênção dele floresce num instante. Não diga: ‘Do que é que eu preciso? O que ainda me falta?’ Não diga: ‘Tenho tudo o que preciso. Que desgraça me pode acontecer?’ No tempo da prosperidade, a pessoa se esquece da desgraça, e no tempo da desgraça nem se lembra da prosperidade. É fácil para o Senhor, na hora da morte, pagar ao homem conforme a conduta de cada um. A infelicidade de um momento faz esquecer o bem-estar, e é na hora da morte que as obras de um homem se manifestam.”
Mateus 6,33-34. “Em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade.”
É melhor, as vezes, não ter mais do que o essencial, para poder viver. Há quem tem tudo e, nunca tem nada capaz de encher seu vazio. É melhor, as vezes, não falar, mais que o essencial, para se entender. Há que diz tudo e, nunca diz nada capaz de ensinar a ter brio. Não se dê por satisfeito apenas por ter conseguido muita coisa na vida. A sensação de que você tem tudo e que, nada lhe falta, se deve ao fato que você não encontrou o verdadeiro bem, o essencial.
A vida não é tão insossa e sem graça. Tudo é graça! Não dá para viver um dia, sequer, sem dizer: só Deus basta para viver o essencial! “Tudo passa, só Deus basta!”
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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