“Há quem use a língua como espada, mas a língua dos sábios produz cura. A língua sincera permanece para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um instante. A mente de quem planeja o mal é amarga; e quem aconselha a paz vive tranqüilo” (Provérbios 12,18-25).
Medir as palavras é a melhor maneira de evitar situações indesejáveis e problemas desnecessários. Sim, porque toda palavra, depois que é proferida ganha o mundo e provoca outras palavras, e outros assuntos, e outras conversas etc. Daí surgem as calunias, as difamações e o disse-me-disse.
Não raras vezes, precisamos sair de alguma enrascada ou nos custou sair de situações que foram fruto do arroubo momentâneo, que poderia ser evitado pelo discernimento e a moderação.
Na busca de culpados, imediatamente, poderíamos culpar a boca e a língua por todos os desarranjos, por causa da palavra mal empregada, mas, a culpa não é da boca não. A culpa é do coração! Sim, porque é do coração, segundo o evangelho que nascem e saem tudo o que a boca propala, criando desarranjos mil: “Pois é do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade, roubos, falsos testemunhos, calúnias” (Mt 15,19).
Ora, se o coração é quem referenda os pensamentos e as palavras, precisamos usar algumas peneiras para selecionar melhor aquilo que, por displicência, soltamos mundo a fora.
No livro do Eclesiástico 5,9-15 encontramos a seguinte exortação:“Não peneire o grão em qualquer vento, nem siga por qualquer direção. Seja constante no modo de pensar e coerente na maneira de falar. Esteja pronto para ouvir e lento para dar a resposta. Se você for capaz, responda a seu próximo; se não for, fique calado. Falar pode trazer honra ou desonra, e a língua do homem é a sua ruína. Não tenha fama de caluniador, nem use a língua para preparar armadilhas, porque para o ladrão existe a vergonha, e para o homem falso uma condenação severa. Evite erros grandes e pequenos, e de amigo não se transforme em inimigo.
O coração precisa não de freio, mas de critérios porque, sem critérios o coração é dominado pelo impulsos que escancaram a boca e soltam a língua.
Três são as peneiras da Sabedoria, que disciplinam o coração, como diz a história.
“Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou:
– O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
– Três peneiras? – indagou o rapaz.
– Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, mas não tem certeza da sua veracidade, a coisa deve morrer aqui mesmo.
– Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo?
– Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?
Arremata Sócrates:
– Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo!”
Quando temos clareza sobre nosso centro de controle e direção, não nos faltará a determinação necessária para realizar a obra permanente de conversão de hábitos e costumes, em disciplina e vida.
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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