Todas as experiências humanas são intensas e profundas e, de alguma forma, nos possibilitam crescer de modo totalizante; quer dizer, completo!
Nem sequer conseguimos imaginar tudo aquilo que compõe o maravilhoso universo do funcionamento humano, que integra mente e alma, corpo e espírito. Somos uma obra perfeita, de difícil manutenção!
Entender os processos do funcionamento humano é fundamental para conseguirmos viver de maneira equilibrada e feliz. Não podemos supervalorizar nenhuma dimensão de nossa vida em detrimento da outra. Somos chamados a viver, considerando a necessidade de integração conosco mesmo, como os outros, com Deus e com o universo.
Falando em linguagem de fé, precisamos viver de modo unitiva.
Assim dizia Jesus, na sua Oração Sacerdotal: “Para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós…” (Jo 17,21). “Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um” (Jo 17,11). “Eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um” (Jo 17,22).
Viver de modo unitivo é tal e qual a experiência feita na gravidez. Entre a mãe e o filho há um cordão que os une. Esse cordão é tudo porque permite, transmite e conserva a vida. Em todo o período da gravidez, a criança precisa da mãe e a mãe precisa do filho: um pelo outro; um com outro; um no outro! A ruptura deste vínculo ou a perda desta união, fora do tempo, pode significar morte. Só no parto, a ruptura é vida.
A gravidez não está estancada na mãe e no bebê, vai além e ancora-se no pai e se desdobra na família, nos familiares e nos amigos. Uma gravidez extrapola as condições e relações intra-uterinas e se espalha para um universo de relações muito mais amplo e complexo. Uma gravidez é mais do que uma mãe e um bebê: é um universo de relações unitivas.
A vida do cristão, no mundo, é como gravidez. Estamos sendo gestados, pela fé, no coração de Deus, para formarmos o corpo de Cristo. Não somente eu, mas, todos os cristãos estamos sendo gestados no mesmo útero da vida total: o coração de Deus. Da mesma maneira que o cordão umbilical possibilita a vida, o Espírito Santo é quem permite, transmite e mantém a vida dos que estão no Pai, por Cristo nosso Senhor. Sendo assim, vivemos como que em dores de parto. Não somente de uma gravidez, mas, de muitas gravidezes e de muitos partos.
“Sabemos que a criação toda geme e sofre dores de parto até agora. E não somente ela, mas também nós, que possuímos os primeiros frutos do Espírito, gememos no íntimo, esperando a adoção, a libertação para o nosso corpo. (…) O Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois nem sabemos o que convém pedir; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que sonda os corações sabe quais são os desejos do Espírito, pois o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade de Deus” (Rm 8,22-23.26-27).
A maturidade na fé é feita de muitos partos! Por isso, a vida cristã não está estancada no crente e em Deus, vai além e ancora-se nos irmãos(ãs), na família, na comunidade, na Igreja.
O que nos mantém unidos a Deus, aos outros e a nós mesmos é o Espírito Santo. Portanto, sem o Espírito Santo não há vida de fé verdadeira porque, estará faltando o que nos interliga e nos mantém unidos para além dos laços familiares, religiosos, ideológicos, sociais, políticos, culturais ou econômicos.
Nós somos interdependentes e não podemos viver, senão interligados!
A promessa e realização do Pentecostes, como vida segundo o Espírito Santo é a única maneira de alcançarmos partos felizes e maturidade verdadeira.
Vem Espírito Santo!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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