A dificuldade de se encontrar saídas plausíveis para as diversas situações da vida, está no fato que as pessoas apalpam a realidade como cegas, generalizam as suas impressões superficiais sobre o mundo, não admitem correção nas suas verdades adquiridas e, estão plenamente satisfeitos com seu “mundinho”, castelo de ilusões.
Nossos pais, antigamente, usavam de muitas histórias (“causos”) para nos ensinar a regra do bom viver. Jesus também usava de histórias (parábolas), para ensinar o povo e fazê-lo se abrir para o mundo e para Deus. Contadas e recontadas, as histórias sempre funcionavam como exemplos, modelos e referência para os filhos viverem. Essa didática de ensino foi sendo esquecida e caiu em desuso.
Está na hora de reunir de novo a família, e contar histórias, retomar os “causos”.
“Um dia cinco velhos cegos encontraram um elefante. Não havia ninguém por perto para contar-lhes o que era aquilo. Então, eles resolveram passar a mão no elefante para descobri o que era.
O primeiro cego passou a mão no corpo do elefante e disse: `Isto é uma parede, dura e áspera’! O segundo cego pegou a perna do animal e falou: `De jeito nenhum! É uma árvore, de tronco grosso e enrugado’. O Terceiro cego, por sua vez, comentou, pegando no rabo do elefante: `Vocês são dois bobos! É uma corda, forte e comprida’. O quarto cego, que estava na frente do elefante, passou a mão pela tromba e disse: `Nossa! É uma cobra’! O quinto e último cego, passou a mão na orelha do elefante e disse rindo: `Mas é claro que é uma árvore! As folhas são bem largas’! Ai, todos começaram a discutir, cada um achando que tinha razão.
O elefante acabou indo embora e eles ficaram sem saber o que haviam encontrado…”
Podemos ficar horas e horas conversando, páginas e páginas discursando e não se extinguirá o assunto provocado por esta pequena história. E nós sabemos, muito bem, como cada um de nós está implicado nela.
Não faltam ditados populares que falam disto que agora nos ocupa: “o verdadeiro cego é aquele que não quer ver”; “em terra de cego, quem tem um olho é rei”; etc…
Mas, no fundo, a verdade é uma só: os limites da minha visão denotam os limites do meu mundo. E, aqui, não se trata, simplesmente da capacidade física de ver, mas de discernimento, de compreensão, de sensibilidade e de mentalidade
O modo como as pessoas “viam” a si mesmas, aos outros, ao mundo e a Deus preocupava muito a Jesus. Tanto é que, dentre os seus milagres mais famosos, estão aqueles ligados à devolução da visão aos cegos. E, neste caso, o mais importante era a abertura de Novos Horizontes para a pessoa liberta da cegueira.
Jesus sinaliza uma nova postura educacional. Quem se propõe a educar, necessita de um programa pessoal de vida que liberte as pessoas. É preciso educar para a libertação. Ninguém pode ser transformado em prisioneiro dos seus conhecimentos. “É para liberdade que Cristo nos libertou!” (Gl 5,1)
Jesus se propunha a educar o seu povo através de um programa de vida, respeitando muito as pessoas.
O programa de vida de Jesus é descrito nestes termos: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor.” (Lc 4,18-19)
A questão básica é: com o passar dos tempos sofisticou-se extraordinariamente os meios educacionais e se provou a eficiência da técnica e, por vezes, até a sua supremacia sobre um humanismo. O pragmatismo gerou a robotização estacionária. A dialética “dos fins justificam os meios” tornou a educação um produto.
Uma nova visão sobre a educação será instaurada quando, deixarmos as apalpadelas e passarmos à imersão na realidade. Não é possível ver com óculos de sol, em noites escuras como breu!
POR: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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