Sermão do Fogaréu proferido pelo Pe. Genilson Sousa da Silva

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Procissão do Fogaréu 2025

“Seguindo os passos do Bom Jesus, somos peregrinos da esperança”.

Queridos irmãos, é com grande alegria e renovada esperança que nos reunimos nesta tradicional Procissão do Fogaréu. Agradeço, de modo especial, ao e estimado Dom Edilson Soares que me convidou para dirigir uma palavra de esperança nesse sermão tradicional.  Saúdo os padres que estão aqui conosco e a todos vocês que participam deste momento de fé e contemplação nesta semana santa. Saudação a todos os visitantes , peregrinos e internautas. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Esta noite, estamos aqui não apenas para uma celebração, mas para renovar a nossa fé e esperança, caminhando como peregrinos junto ao Bom Jesus. Por mais de 200 anos, na capital da fé, a cidade de Oeiras tem sido um testemunho vivo da esperança que vem de Jesus. Para os que habitam esta terra, vocês são luzes de esperança, e para todos os que a visitam, renovam a fé no encontro com o Bom Jesus, nossa verdadeira esperança.

Peregrinos da esperança – é isso que somos chamados a ser. A Procissão do Fogaréu é um gesto de fé e de comunhão, fruto do ardor do coração de cada homem de fé. Mais do que uma tradição cultural, ela é um símbolo profundo da Igreja, que tem como fonte e inspiração a vida do próprio Jesus. Desde os primeiros cristãos, a Igreja se comprometeu a testemunhar com palavras e ações aquele que foi levado para a crucificação como uma ovelha inocente, sem pecado, mas com uma vida cheia de amor incondicional que redimiu toda a humanidade. Como disse Pedro no seu discurso nos Atos dos apóstolos “Vós rejeitastes o santo e inocente, pedistes que vos indultassem um homicida e matastes o Príncipe, o autor da vida. Deus o ressuscitou da morte, e nós somos testemunhas disso” (At 3,14-15).

O tema deste ano: Seguindo os passos do Bom Jesus, somos peregrinos da esperança, nos lembra que, pela fé, fomos justificados e reconciliados com Deus. Não carregamos Jesus como alguém culpado, mas reconhecemos nele o infinito amor de Deus pela humanidade e por toda a criação. Em Cristo, encontramos a verdadeira esperança, como nos diz São Paulo em Romanos: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5, 1-2.5). ELE É A NOSSA ESPERANÇA.

É graças ao Espírito Santo que, através de sua presença no mundo e em nossos corações, somos guiados na caminhada da fé. Este Espírito é a luz que mantém viva a nossa esperança, como uma chama que nunca se apaga. Ele nos dá força, nos anima a seguir em frente e nos ensina que a verdadeira esperança cristã não nos decepciona. Como disse o Papa Francisco, “A esperança cristã não engana nem desilude, porque está fecunda na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor de Cristo” (Francisco, 2024).

Queridos irmãos, a esperança não desanima nas dificuldades; ao contrário, ela se fortalece na fé e se alimenta da caridade. Mesmo nas dificuldades da vida, como a seca, os problemas ecológicos, o medo, a violência, a insegurança, as crises políticas e os sofrimentos emocionais, as ameaças sociais nacionais e internacionais, a esperança cristã nos sustenta. Ela encontra alento em Cristo, aquele que nesta noite acompanhamos em seu sofrimento, não para condená-lo, mas para seguir seus passos como peregrinos da verdadeira esperança, aquele foi até o fim e não desistiu de sua Missão neste mundo.

Cristo, em sua vida, nos ensinou as três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade. Para vivê-las plenamente, precisamos de momentos significativos de renovação, como este ano jubilar da Igreja que celebramos. Esta iniciativa, que começou no ano 1300, tem atravessado séculos e continua a exercer um compromisso profundo com a esperança. A cada ano, renovamos nossos passos como povo de Oeiras e de toda a região, sempre com a consciência de que estamos dando passos significativos na caminhada da fé, na esperança e na caridade.

Este ano jubilar não é o fim de nossa caminhada, mas a abertura para novos percursos, que, em poucos anos, marcarão os 2.000 anos de nossa redenção, concretizada na paixão, morte e ressurreição de Jesus, que vamos celebrar em 2033. Que possamos estar firmes, com os pés no chão da realidade e com os olhos voltados para a esperança, buscando aprender a cada dia com o amor divino, cuidando da vida, dos necessitados e da nossa casa comum.

Este é o convite que nos é feito neste momento da Semana Santa. Olhar para a vida de Jesus, caminhar com Ele pelas ruas de Oeiras, iluminadas pelas tochas, é mais do que recordar sua paixão e morte. É também reconhecer que Ele é o Príncipe da Paz, aquele que, por meio do amor e da verdade, pode transformar o mundo. É com esse olhar pascal que devemos anunciar a paz que Cristo nos oferece, especialmente em tempos de conflito, como na Ucrânia, no Oriente Médio, nos diversos conflitos no Brasil e no mundo. Como Igreja, não podemos nos deixar levar pela desinformação, nem pelas divisões ideológicas. Devemos ser testemunhas de um amor que acolhe, que traz paz e unidade.

Não podemos deixar de lembrar dos jovens, que são os frutos da nossa esperança para o futuro. Tantos deles têm perdido seus sonhos, sua fé e sua esperança. Como comunidade cristã, é nosso dever acolher, apoiar e incentivar os jovens a não desistirem de seus sonhos. Eles são a chave para a renovação da sociedade. Devemos abraçá-los, ajudá-los a encontrar seu caminho, e oferecer-lhes uma vida de esperança e dignidade, longe das armadilhas que a sociedade moderna impõe.

Queridos irmãos, presente nesta noite singular, como cristãos católicos queremos renovar nossa esperança que simboliza a fé em busca do Salvador da Humanidade. É ele o verbo eterno, o Emanoel o Deus conosco que tem sempre palavras de vida eterna. Suas palavras, seus gestos continuam a ecoar em nosso coração nos quais emanam vida em abundância para todos. Nele e por Ele somos peregrinos de esperança neste mundo marcado pelas diversas realidades. Desse modo, cada um aqui nesta noite continue anunciando como verdadeiros caminhantes, portadores de luz que emana do Bom Jesus, o peregrino do Pai. Com ele peregrinemos sendo portadores do bem, da justiça e da paz. Segundo Dom Edilson Soares “Hoje, andar ao encontro de Jesus com a tocha é muito mais que um soldado que prende o Salvador da Humanidade, trata-se de homens que vão ao encontro porque sabem que ele é a luz do mundo!”

Meus irmãos e irmãs, que está noite de fé, de reflexão e de esperança nos inspire a seguir os passos do Bom Jesus. Que, ao acompanharmos a Sua paixão, possamos também nos tornar instrumentos de Sua paz, de Sua esperança e de sua caridade no mundo. Como peregrinos, caminhemos com Ele e com a certeza de que, em Cristo, nossa esperança nunca será frustrada.

Que Nossa Senhora das Vitórias seja o modelo de fé, que, diante de suas dores, soube não perder a esperança. Mesmo sabendo que Seu Filho seria “causa de contenda para muitos em Israel” e que “uma espada de dor transpassaria sua vida” pelas diversas provações, ela se manteve firme, de pé, até nos momentos mais terríveis de dor e sofrimento. Que a Mãe da Esperança nos ajude a estar de pé diante das doenças, do desemprego, da carestia, das inseguranças, do mal deste século, como a depressão.

Intercede, querida Mãe, por tantos filhos teus, hoje também injustiçados socialmente, não acolhidos em nossa sociedade, muitos deles sofrendo por defender o cuidado com a vida, com a casa comum, em defender os direitos dos mais pobres, dos animais, dos idosos, das crianças, dos que têm alguma deficiência, dos que defendem a vida em suas diversas dimensões, desde o ventre materno até a idade avançada.

Sabemos, Mãe, que a Senhora ainda sofre ao pé da cruz de muitos filhos Teus que saem de suas terras em busca de sustento e não são acolhidos — os migrantes. Aqui, Mãe, pedimos por tantos filhos Teus que ainda buscam uma vida melhor nas regiões do Brasil. Muitos passam fome, enfrentam dificuldades e só encontram consolo em Teu Filho Jesus e em Tua intercessão. Que eles encontrem abrigo, consolo, e que teu Filho, o Bom Jesus, escute o grito de cada filho, escute o grito da terra, escute o grito do nosso planeta que sofre as dores das mudanças climáticas e afeta também esta região e nosso Brasil.

Que tenhamos, queridos participantes desta procissão do Fogaréu, uma feliz e abençoada semana Santa e uma profunda experiência da Pascoa, tendo o Bom Jesus como Nossa verdadeira esperança para o povo querido de Oeiras, do Piauí e de Nosso imerso Brasil.

 

Oeiras, 17 de abril de 2025

Pe. Genilson Sousa da Silva

Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé.

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