Saudação à Congregação para os Bispos proferida por Dom Edilson Nobre na visita Ad Limina

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Em nome de meus irmãos no episcopado dos Regionais Nordeste 1 e Nordeste 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, saúdo Vossa Eminência Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos! Saúdo também o secretário, Vossa Excelência D. Ilson de Jesus Montanari e demais assessores deste Dicastério. A alegria do Senhor seja a vossa força e a vossa luz!

Os Regionais Nordeste 1 e Nordeste 4 correspondem aos Estados do Ceará e Piauí, respectivamente, localizados geograficamente no Nordeste do Brasil. Estes Estados juntos somam uma população de 12.489.000 (doze milhões quatrocentos e oitenta e nove mil) habitantes, sendo 9.200.000 no Estado do Ceará e 3.200.000 no Estado do Piauí, nos quais 78% e 85% da população, respectivamente, são católicos. No cenário nacional, o Piauí é considerado o Estado mais católico, seguido do Estado do Ceará que ocupa o segundo lugar.  Os dois Regionais contam com duas Arquidioceses, e 15 dioceses. Somos 20 bispos, sendo 17 efetivos e 03 eméritos. Temos ainda entre nós dois administradores diocesanos de dioceses vacantes no Estado do Ceará.

Para o exercício da missão contamos com 1.308 presbíteros (Ceará 904 + Piauí 404), sendo 948 diocesanos e 360 religiosos. Os religiosos/as consagrados são 1.100 (Ceará 1.010 + Piauí 90). Os diáconos permanentes são 292 (Ceará 63 + Piauí 129).

Eminência Marc Cardeal Ouellet, estamos aqui para trazer-lhe notícias das nossas dioceses e arquidioceses. Estamos felizes porque Deus possibilitou a nossa vinda, pois, imaginávamos que esta ocasião não iria se concretizar tão cedo por causa da indesejável pandemia da Covid-19.

Trazemos conosco algumas inquietações, mas, sobretudo, muitas esperanças, espírito de comunhão e de sinodalidade. As marcas profundas e traumatizantes em consequência da Covid-19 são inevitáveis.  Foram 663 mil vidas ceifadas em todo o Brasil. No Ceará foram 26.876 e no Piauí foram 7.735 mortes. Em consequência disso, vieram o aumento da fome e das doenças psíquicas em níveis tão elevados que levaram pessoas ao suicídio, inclusive presbíteros. Nós, pastores da grei do Senhor, fomos interpelados a tomarmos iniciativas para combater tais incidências. Não pudemos fazer muito, pois, diante de tal situação, nos sentíamos, em parte, impotentes.  No entanto, entendendo que o melhor caminho é o caminho da oração, da comunhão, da partilha e da solidariedade, procuramos, mais que nunca impulsionar a todos nesta direção.

Em nossas circunscrições eclesiásticas, o número de presbíteros ainda é insuficiente para os trabalhos pastorais e específicos. Na sua maioria são homens doados ao serviço do Evangelho, vivem em comunhão como fiéis colaboradores da ordem episcopal, são dinâmicos no serviço aos pobres e na formação dos leigos. Alguns precisam ser acompanhados com maior proximidade e outros carregam na carne a cruz do sofrimento. Os padres e os leigos nas paróquias, nas pastorais e nos movimentos são testemunhas da Igreja de Cristo inserida na sociedade como fermento na massa.

Sobre as vocações para o ministério presbiteral compartilhamos com alegria que as vocações em nossos Regionais sinalizam números esperançosos. Os seminários abrigam um número considerável de jovens vocacionados ao ministério presbiteral. Ao todo, os seminaristas maiores somam 349, sendo 246 no Ceará e 103 no Piauí.

À partir de novembro deste ano, em âmbito nacional, estaremos iniciando mais um ano Ano Vocacional, definido pela nossa Conferência Episcopal. Evidentemente, trataremos do chamado para os diversos ministérios na Igreja e não apenas o ministério presbiteral, mas será ocasião também para isto. Será oportuno, portanto, para motivarmos os jovens a acolherem o chamado de Jesus como graça e oportunidade para que mais e mais corações ardam e que os pés se ponham a caminho, em saída missionária.

Entre os sinais de esperança, destacamos a bondade e generosidade do nosso povo, que mesmo sofrido e empobrecido não se esquivou em partilhar quando foi interpelado através da Campanha “é tempo de cuidar”, motivada pela Cáritas Brasileira e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e assumida por todas as Igrejas Particulares. Salientamos que a concentração de pessoas que vivem em situação de pobreza no Nordeste é maior entre as cinco regiões brasileiras, conforme atesta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A região Nordeste concentra um índice proporcional a 47,9%. A explosão de generosidade em resposta aos apelos feitos ajuda-nos a compreender a canção que diz: “pois as mãos mais pobres são as que mais se abrem para tudo dar”.

Excelência! Este ano de 2022 nós brasileiros vivemos momentos de tensões. Os poderes Federativos constituídos além de se encontrarem em crise encontram-se também em conflitos e em desarmonia. É frequente os insultos públicos e a apologia por estruturas próprias de golpe militar. Isso e outras atitudes podem representar um grande risco para o Estado Democrático de Direito. Em todas as 27 Unidades Federativas do nosso país, estamos acompanhando o processo das eleições para os pleitos federais e estaduais. O cenário é de incertezas, radicalismos e polarizações, mas, potencialmente carregado de esperança. Nossas escolhas para o Executivo e o Legislativo determinarão o projeto de nação que desejamos. Estamos apelando para que os fiéis exerçam sua cidadania conscientes de sua autêntica participação política, e que a escolha dos candidatos seja feita na perspectiva do compromisso com as políticas públicas em prol dos mais pobres e dos que vivem em situação de vulnerabilidade, na defesa da dignidade humana, da justiça, da verdade e da paz.

Na perspectiva da missão, destacamos como sinal de esperança, a corresponsabilidade dos leigos na ação missionária. Além dos bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas comprometidos com a missão, nós temos em nossas dioceses verdadeiros “batalhões” de leigos engajados nas diversas pastorais, serviços e movimentos que nos ajudam a manter as Igrejas Particulares em estado permanente de missão.

Salientamos ainda que neste tempo de pandemia houve um expressivo crescimento da Pastoral da Comunicação, sobretudo, no que concerne a cobertura e transmissão de eventos, na catequese e em formas alternativas de formação religiosa. Evidentemente, percebemos que se faz necessário avançar na compreensão da comunicação para que este serviço seja qualificado e mais eficaz.

No que diz respeito à catequese de Iniciação à vida Cristã sob inspiração catecumenal também destacamos que temos avançado consideravelmente, com projetos diocesanos elaborados e em plena execução.

Sublinhamos ainda neste encontro de diálogo com Vossa Eminência nossos esforços na descentralização dos Tribunais Eclesiásticos criando Câmaras e novos Tribunais Eclesiásticos, como nos propõe o Santo Padre no Motu Proprio “Mitis Iudex Dominus Iesus”. As iniciativas estão sendo tomadas por nossas Igrejas Particulares, mas, ainda há muito a fazer, pois o zelo necessário, a ausência de pessoas já qualificadas, a falta de informação clara e a burocracia dificultam o avanço na execução. No entanto, “esperançamos” que em médio prazo o contexto seja mais favorável, pois, atualmente, temos vários sacerdotes se especializando em mestrado em Direito Canônico para atenderem a esta demanda.

Eminência Cardeal Marc Ouellet! Não podemos, num breve encontro como este, dizer tudo o que gostaríamos, pois, o tempo urge! Mas, o mais importante é que aqui estamos porque queremos expressar a nossa colegialidade e renovar o nosso compromisso de garantir a unidade de nossa Igreja. Para vários dentre nós, esta é a primeira Visita Ad Limina Apostolorum que realizamos e estamos ansiosos por ouvir a vossa palavra. Temos certeza que as palavras da Vossa Eminência ajudarão a crescer entre nós bispos a apostolicidade do nosso ministério e o espírito da sinodalidade da Igreja de Jesus Cristo, Una, Católica, Apostólica e Romana, a quem consagramos nossas vidas, mantendo plena comunhão com o Santo Padre o Papa Francisco, o qual admiramos, amamos e pelo qual muito rezamos.

 

Dom Edilson Soares Nobre – Bispo Diocesano de Oeiras – Piauí – Brasil

Em nome dos Regionais Nordeste 1 e Nordeste 4

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