Saber falar e saber calar: eis a sabedoria

Compartilhe:

Nós temos boca é para falar! Como é bom falar! Mas, precisamos saber controlar o poder da língua. Saber falar e saber calar, como nos lembra o Eclesiastes 3,7. De fato, a língua é capaz de tudo: construir e destruir, bendizer e amaldiçoar, elogiar e criticar, fazer e desfazer, crescer e minguar… mas, a decisão compete a cada um de nós.

A Sagrada Escritura, nas suas primeiras páginas, constata o fenômeno Babel, como a confusão das línguas. Babel é, na verdade, uma ilustração do que há de mais pernicioso, no conjunto das relações humanas; revela o abismo da autossuficiência que deturpa valores, convívio e relações (Gn 11,1-9).

A língua é, sempre, muito controversa porque, “salta”, com a maior rapidez, do louvor a Deus à injustiça brutal.

São muitas as vozes que clamam em nós, mas, nem sempre deixamos ecoar o som que reverbera as nossas verdades mais profundas. Reverberamos sim: piadas, anedotas, indecências, escárnios, calúnias, difamações, fofocas…

Por que não falamos mais coisas que edificam?

Ensina-nos o escritor sagrado: “Que nenhuma palavra inconveniente saia da boca de vocês; ao contrário, se for necessário, digam boa palavra, que seja capaz de edificar e fazer o bem aos que ouvem” (Efésios 4,29).

Noutras passagens, da mesma Bíblia, somos exortados e repreendidos:

Morte e vida dependem da língua; quem sabe usá-la, comerá do seu fruto” (Pr 18,21). “Quem guarda a boca e a língua evitará muitos apertos” (Pr 21,23). “Os imbecis têm a mente na língua; os sábios têm a língua na mente” (Eclo 21,26). “A chicotada deixa marca, mas o golpe da língua quebra os ossos. Muitos já caíram pelo fio da espada, mas não foram tantos como as vítimas da língua” (Eclo 28,17.18).

“Todo mundo logra o seu próximo, e ninguém fala a verdade; treinam a língua para falar mentiras, e praticam a injustiça até se cansar. A língua deles é uma flecha envenenada: tudo o que falam é pura tapeação. Cada um fala de paz com o próximo, mas, no íntimo, está preparando armadilhas” (Jr 9,4.7).

“Há quem use a língua como espada, mas a língua dos sábios produz cura. A língua sincera permanece para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um instante” (Pr 12,18.19). “Quem vigia a própria boca conserva a vida; quem solta a língua caminha para a ruína” (Pr 13,3).

Em nosso dia-a-dia, a palavra perdeu e está ficado, cada vez mais, banal. Sendo assim, que crédito podemos dar à palavra de alguns jornais e jornalistas que, inescrupulosamente, forjam notícias? Que crédito podemos dar à palavra de alguns políticos que, vergonhosamente, mentem e corrompem? Que crédito podemos dar à palavra de certos pregadores da Palavra de Deus que, mercenariamente, agem por dinheiro? Que crédito podemos dar à palavra dos agiotas que, oportunistamente, oferecem a mão para depois arrancar os corações? A quem dar crédito?

Mas, se cada um não vigiar a própria língua a destruição humana não terá fim.

“Quem irá colocar um guarda na minha boca e um selo de prudência nos meus lábios, para eu não cair por culpa deles e a minha língua não me arruinar?” (Eclo 22,27). “Os meus lábios não dirão falsidades e a minha língua não pronunciará mentiras” (Jó 27,4). “Porque a sabedoria abriu a boca dos mudos e soltou a língua dos pequeninos” (Sb 10,21). “Como recompensa, o Senhor me deu língua e, com ela, eu o louvarei” (Eclo 51,22).

A grande verdade é esta: a sabedoria da palavra vem da sabedoria da escuta; saber falar é saber calar. Então, comecemos a treinar mais os ouvidos.

 

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Foto: Google

Posts Relacionados

AMIGOS DO
SEMINÁRIO

ESCOLA
MISSIONÁRIA
DISCÍPULOS DE
EMAÚS - EMIDE

Facebook

Instagram

Últimos Posts