“Você bloqueia seu sonho quando permite que seu medo fique maior do que a sua fé” (Mary Manin Morrisey).
Não há dúvida, viver é uma tarefa que depende mais da sabedoria do que da força por que a sabedoria começa pela humildade; depende mais da fé do que da autossuficiência porque ter fé é arriscar-se. Nesse sentido, não obstante os inúmeros qualificativos humanos para levar a vida adiante com todos os tipos de conquistas, somente com sabedoria e com fé é que se pode obter a vida em plenitude, neste mundo e no outro. Porque, por mais que as nossas lutas e esforços nos garantam coisas, sucesso, prestígio, poder e fama, o fundamental é que sejamos plenos e completos de corpo, espírito e alma.
Provavelmente, sem o discernimento interior, mediado pela sabedoria e pela fé, passemos a vida toda correndo atrás do vendo, vivendo cheios de um enorme vazio, apesar de tudo o que acumulamos no currículo, no bolso e no celeiro.
Esta é a história de um alpinista que sempre buscava superar mais e mais desafios. Ele resolveu, depois de muitos anos de preparação, escalar o Pico do Aconcágua. Mas ele queria a glória somente para ele, e resolveu escalar sozinho sem nenhum companheiro, o que seria natural no caso de uma escalada dessa dificuldade.
Começou a subir e foi ficando cada vez mais tarde, e por que não havia se preparado para acampar, resolveu seguir a escalada, decidido a atingir o topo.
Escureceu e, a noite caiu como um breu nas alturas da montanha. Não era possível enxergar um palmo à frente do nariz, não se via absolutamente nada. Tudo era escuridão; zero de visibilidade. Não havia lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens.
Subindo por uma ‘parede’ a apenas 100m do topo ele escorregou e caiu… Caía a uma velocidade vertiginosa, somente conseguia ver as manchas que passavam cada vez mais rápidas na mesma escuridão, e sentia a terrível sensação de ser sugado pela força da gravidade.
Ele continuava caindo… e nesses angustiantes momentos, passaram por sua mente todos os momentos felizes e tristes que já havia vivido em sua vida… de repente ele sentiu um puxão forte que quase o partiu pela metade . Shack! Como todo alpinista experimentado, havia cravado estacas de segurança com grampos a uma corda comprida que fixou em sua cintura.
Suspenso no ar, na mais completa escuridão, não havia nada a fazer a não ser gritar:
– ‘Ó meu Deus, me ajude!’
De repente uma voz grave e profunda vinda dos céus, respondeu:
– ‘O que você quer de mim, meu filho?’
– ‘Me salve meu Deus, por favor!’ – gritou, mais alto, o alpinista,
– ‘Você realmente acredita que Eu possa te salvar?’ – falou Deus.
– Eu tenho certeza, meu Deus! – bradou com voz ofegante.
– Então, corte a corda que te mantém pendurado… – indicou o Senhor.
Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se agarrou ainda mais à corda e refletiu que, se fizesse isso morreria…
Conta o pessoal de resgate que, ao realizar as buscas, encontrou um alpinista congelado, morto, agarrado com força com as suas duas mãos a uma corda, apenas a meio metro do chão.
O medo é o responsável pela síndrome do imediatismo hedonista que, a todo custo, briga contra o sofrimento, a dor, os problemas, as dificuldades… e, por isso seca a fonte da esperança de quem não suporta esperar, lutando, em meio as demoras da vida. Por isso, quanto mais vivemos agarrados às nossas próprias seguranças, tanto mais propensos estaremos a ser engolidos pela frustração, pelo fracasso e pela infelicidade, a poucos metros da plenitude e da realização.
O bom mesmo é cultivar sabedoria e fé para uma vida de esperança!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos