Reflexão de Dom Edilson Nobre por ocasião da Solenidade de Nossa Senhora da Vitória

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SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA VITÓRIA

Assunção de Nossa Senhora ao céu

 

Do sol, ó Virgem vestida, de branca lua calçada;

De doze estrelas-coroas Coroada.

A terra toda te canta, da morte dominadora

No céu a ti temos, todos, Protetora.

Fiel, conserva os fiéis, procura a ovelha perdida.

Brilha na treva da morte, Luz e Vida.

Ao pecador auxilia, ao triste, ao fraco, ao pobre

Com o teu manto materno / Todos cobre!

(Hino das laudes da Assunção de Nossa Senhora)

 

Neste dia solene e jubiloso, em atitude de fé, devoção e confiança, fixamos o olhar para a imagem da nossa Mãe do Céu, invocada com o título de Nossa Senhora da Vitória. Hoje é o dia da nossa padroeira! “Nossa Senhora, Mãe da Vitória e Mãe da Igreja  do Piauí. A vós pertence a nossa história e as vitórias que hão de vir”. Salve, 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Vitória! Nesta mesma data a Santa Mãe Igreja nos convida a celebrar a Assunção de nossa Mãe Vitoriosa ao céu.

A Festa da Assunção de Maria ao céu é um convite a olhar de longe e a olhar do alto para ter uma visão mais completa a respeito da vida. A vida humana não se esgota aqui neste mundo, mas há um desenvolvimento e um complemento maravilhoso além do cenário frágil da experiência quotidiana.

Maximiliano Kolbe, enquanto viveu no campo de concentração de Auschwitz, tinha sempre presente a orientação da vida e nunca perdia de vista a meta do caminho. Por este motivo não se deixou desanimar, mesmo com o terrível peso de um campo de concentração, e saiu vencedor. O seu testemunho é propício para nos motivar a encarar e afrontar este tempo difícil de pandemia que estamos vivendo e muitas outras circunstâncias que às vezes nos atormentam e ameaçam a nossa paz.

Maria Assunta ao céu é um convite ao futuro, e é uma antecipação daquilo que será. A Igreja, desde suas origens, cultivou esta consoladora notícia na sua memória de fé. O Papa Pio XII, durante o Ano Santo de 1950, na qualidade de intérprete da “tradicio fidei” declarou que esta notícia cultivada na memória do povo de Deus é uma notícia autêntica: essa vem das origens apostólicas, vem do fato verdadeiramente acontecido.

Por que a Igreja afirma que Maria foi assunta ao céu em corpo e alma? Porque Deus quis este ulterior sinal, que destaca a força e a verdade da Ressurreição de Jesus? Certamente, nós podemos somente balbuciar alguma razão: as “razões de Deus”, de fato, nos superam infinitamente. Porém é lícito refletir sobre verdades de fé, até que estas nos iluminem e nos nutram a alma.

A Assunção de Maria ao céu destaca a profunda ligação que existe entre o Filho e a Mãe. Jesus recebeu o seu corpo de Maria e Maria fez ao lado do Filho todo o caminho da fé até o momento da grande hora, a hora da cruz.

A Assunção é o agradecimento do Filho. Se nós somos capazes de ser gratos à nossa mãe, Deus não será infinitamente mais capaz? Este fato nos comove e nos faz sentir assim tão próximo e tão “humano” o Coração de Deus! A Assunção de Maria é um grito do Céu em direção à terra. É uma provocação divina no confronto da nossa fraca memória.

Obviamente, entendemos que não basta fixar o olhar para o alto. O céu é nossa meta, sim, mas esta experiência de céu começa na terra. Como nós vemos nos inúmeros atos de Nossa Senhora, ela está sempre a servir e a cuidar de quem precisa. Cuidou de seu Filho Jesus, cuidou de José, seu marido, cuidou de Isabel, conforme ouvimos no Evangelho desta liturgia. Maria cuida de nós. Não nos preocupemos, pois, o apelo “Mãe da Vitória, cuidai de vossos filhos” não será ignorado. Mas, também creio eu que as reflexões que tivemos ao longo do novenário, tocaram profundamente em nossos corações e nos fomentaram a sempre mais cuidarmos uns dos outros, pois esta é a mística que move a nossa Mãe Igreja espalhada no mundo inteiro, marcando sempre presença  e testemunhando a caridade e o serviço à vida plena para todos.

Chegando ao término desta festa, nos damos conta que muitos sentimentos permeiam nossos corações. Cremos que dentre estes sentimentos alegria, gratidão, saudade e esperança são os mais intensos. Alegria, porque nestes dias foi-nos dada a possibilidade de nos encontrarmos (mesmo que virtualmente para muitos), estabelecermos vínculos, crescermos na fé, movidos pela partilha da Palavra e da Eucaristia. Graças a Deus, estamos bem nutridos espiritualmente. Gratidão, porque cada evento realizado foi oportunidade que tivemos para receber a graça de Deus. É muito bom ser grato. Gratidão é um dom. Quanto mais somos gratos, mais Deus nos favorece com os seus benefícios. Saudade, porque tudo que é bom, dura pouco. O nosso desejo é querer prolongar sempre mais além do tempo que foi designado. Seguramente a experiência da saudade este ano foi sentida por razões mais intensas e sem precedentes, porque muitos filhos teus, ó Mãe querida, lamentavelmente, não puderam vir à tua casa, impedidos por causa desta maldita pandemia provocada pela covid-19. Nós sentimos a falta destes filhos e filhas que costumeiramente estavam conosco nos anos anteriores. Mas, nos invade o sentimento de Esperança. Esperança de dias melhores, de superação dessa pandemia, esperança de vitória nas batalhas travadas em nosso cotidiano. Nós cristãos aprendemos com São Paulo que diz em sua carta aos Romanos: “tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,338-39). Sigamos em frente, na esperança de que no próximo ano tudo será diferente, porque, como diz São Paulo, ”a esperança não decepciona” (Rm 5,5). Neste ínterim, Senhora da Vitória, cuidai de vossos filhos! Neste interim, queridos irmãos e irmãos, cuidemos uns dos outros, pois, “quem ama, cuida”.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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