O tempo todo e por toda parte lidamos com tensões, dores, sofrimentos, preocupações que se misturam às alegrias cotidianas, desta vida. É claro que, as coisas boas superam as coisas ruins em número, gênero e grau mas, não nos damos conta disso. O peso das coisas ruins, mesmo que seja em menor escala, acaba tomando muita parte de nossa atenção e, deixando, como mensagem psico-emocional, que as coisas menos boas são super abundantes. Essa afetação negativa de nossa mente e do nosso coração, não raras rezes, contamina a nossa visão e mentalidade e, ao invés de irmos à luta para exercer conquistas, acabamos sucumbindo ao pessimismo derrotista e à vitimação derrotista, com o excesso de lamentação, queixa e murmuração.
A pessoa que absorve o negativismo passa a viver de ‘pílulas de felicidade’, buscando aqui, ali ou acolá certas compensações momentâneas para fugir dos dramas da vida que só podem ser superados pelo enfrentamento consciente e livre.
Se não nos perguntamos sobe o sentido da vida, ficamos, sempre, na periferia dos sentimentos e das emoções para tratarmos os acontecimentos, fatos e situações dentro dos quais nós vivemos, nos movemos e somos.
Pensar e refletir sobre o sentido da vida é questionar-nos sobre tudo aquilo que fundamenta, orienta e dá rumo à existência e garante a beleza, a leveza, a liberdade e a verdade ao nosso ser, ao nosso fazer, ao nosso sentir e ao nosso querer. Quer dizer, é permitir que a vida seja tratada como mistério e não como um amontoado de fatos bons ou ruins.
Se estamos numa encruzilhada, não basta escolher, aleatoriamente, um caminho e nem tirar a sorte para saber para onde ir: é preciso, além do rumo e da direção, resgatar as razões, as convicções e a meta relacionadas ao caminho, porque, nem todo caminho serve para a realização de nossa vida.
Quem se coloca no caminho precisa entender que, para “chegar lá”, precisa fazer-se caminho, assumir a caminhada, incorporar os passos, as idas e voltas, as quedas e reerguimentos, as pedras e os espinhos, os tropeços e reerguimentos, os altos e baixos porque, tudo isso é caminho.
Certa vez, enquanto falava com seus discípulos, sobre o sentido da vocação e missão, Jesus propôs a eles um resgate do sentido da vida, trazendo para si, o mister de conduzir a todos para a conversão dos sentidos.
“Jesus continuou dizendo: ‘Não fique perturbado o coração de vocês. Acreditem em Deus e acreditem também em mim. Existem muitas moradas na casa de meu Pai. Se não fosse assim, eu lhes teria dito, porque vou preparar um lugar para vocês. E quando eu for e lhes tiver preparado um lugar, voltarei e levarei vocês comigo, para que onde eu estiver, estejam vocês também. E para onde eu vou, vocês já conhecem o caminho.’ Tomé disse a Jesus: ‘Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho?’ Jesus respondeu: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim’” (Jo 14,1-6).
Sem uma postura de fé autêntica corremos o risco de não acertar o caminho e, pior, de viver, o tempo todo, do aventureirismo da sorte, do imediatismo do desejo, da carona oportunista nas chances alheias e da preguiça de lutar pelos sonhos.
Quando Jesus diz ser o caminho, a verdade e a vida ele o faz apontando para o Pai, em referência ao Reino (reinado) de Deus.
O Reino ou reinado de Deus coincide com o Sentido da vida. A busca do Reino de Deus faz eco à busca de Sentido para a vida, como lembra Mateus em 6,33: “Em primeiro lugar, busquem o Reino de Deus e sua justiça e, tudo o mais, Deus lhes dará em acréscimo”
O Reino de Deus, no meio de nós, é Cristo que dá sentido à nossa vida. Cristo já é o sentido da vida, mas precisa ser tornar o sentido de nossa vida. O Sentido da vida se constrói: através de lutas diárias frente ao sofrimento que não pode ser evitado, encontrando o amor ou um motivo para viver, fazendo propósitos diários para se superar (tristeza, desânimo, medo (…), agindo com responsabilidade sem fazer-se de vítima e sem culpar os outros.
Se Cristo é o sentido da nossa vida, logo, aquilo que é da preferência dele, passa a ter sentido, também, para as nossas vidas (o amor, a oração, a verdade, a família…)
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Foto: Google