Presença é algo fundamental na vida porque, permite o convício, fortalece os vínculos, enraíza os relacionamentos. Como é bom e faz bem contar com a presença dos pais, dos irmãos, dos amigos, dos companheiros, dos vizinhos… Presença é um dom, um presente de Deus e, não há nada mais valioso do que o calor de quem chega ou a atenção de quem está, sempre, em contato.
Mas, nem toda presença é boa. Há presença e Presença! Há presença desejada e presença indesejada. A vivência negativa com presenças indesejadas, pode desqualificar, toda e qualquer presença, por generalização, estabelecendo um campo de relacionamento doentio: de isolamento e autoabandono. Isto é tremendamente cruel porque, não há quem suporte viver sozinho ou isolado.
Saber lidar com todo e qualquer tipo de presença é uma arte da convivência e, faz com que a vida se firme por meio de relações circulares (de respeito, de perdão, de amizade, de diálogo, de família…) e não relações verticalizadas (de competição, de rivalidade, de poder, de intrigas, de fofocas, de diz-que-me-disse…).
Se é preciso aprender a lidar de modo maduro com a presença, da mesma forma, é preciso lidar com a ausência de modo inteligente, criativo e humilde.
Quando dizemos que presença é algo fundamental na vida, estamos afirmando, por outro lado que, ausência é um grande prejuízo para a existência.
De fato, são muitos os que sofrem pelo mal da ausência e vivem dilacerados pela solidão e pelo brutal sentimento de abandono. Nada mais frustrante, na vida, do que não ter com quem contar, mas, pior do que isso é ter com quem contar e, no seu lugar, encontrar, sempre, tão somente, sua ausência.
Deus é sempre presente! Aliás, Ele é ONIPRESENTE: está com todos, em tudo, em todas as horas e em todos os lugares. Descobrir Deus presente é uma oportunidade, rica, de valorizar os outros presentes e, ao mesmo tempo, uma chance de outro para não supervalorizar as ausências.
Eis uma história:
“Uma noite eu tive um sonho… Sonhei que estava passeando, na praia, com Deus, e, no firmamento, passavam todas as cenas da minha vida. Após cada cena que passava, percebi que ficavam dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor. Quando a última cena da minha vida passou diante de nós olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao Senhor: – ‘Senhor, Tu disseste-me que, uma vez que resolvi seguir-te, Tu andarias sempre comigo, em todos os caminhos. Contudo, notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque é que, nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho.’
O Senhor respondeu: – ‘Meu querido filho, jamais te deixaria nas horas da prova e do sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram minhas. Foi exatamente aí que te peguei e, te levei no colo atravessando caminhos, montes, abismos, pedras, espinhos…’
Rezemos com o Salmista (Salmo 42[41],3-6.10-12
“Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus? As lágrimas são o meu pão, noite e dia, e todo dia me perguntam: ‘Onde está o seu Deus?’ Começo a recordar as coisas e minha alma em mim se derrama: quando eu passava, à frente do grupo, em direção à casa de Deus, em gritos de alegria e louvor, no barulho da festa. Por que te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda o louvarei: ‘Salvação da minha face e meu Deus!’ Vou dizer a Deus: ‘Meu rochedo, por que te esqueces de mim? Por que devo andar pesaroso sob a opressão do inimigo?’ Esmigalhando-me os ossos, meus opressores me insultam, perguntando todo dia: ‘Onde está o seu Deus?’ Por que te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda o louvarei: ‘Salvação da minha face e meu Deus!’”
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Foto: Google










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