De fato, a páscoa é “passagem”, o que é confirmado pelo texto bíblico: “Quando seus filhos perguntarem: ‘que rito é este?’ Vocês responderão: ‘é o sacrifício da Páscoa de Javé. Ele passou no Egito junto às casas dos filhos de Israel, ferindo os egípcios e protegendo nossas casas’ ” (Ex 12,26-27).
Valho-me, da mesma forma, do texto bíblico, para dizer que a páscoa é, também, um rasgo: “Nisso, o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo; terra tremeu e as rochas se fenderam” (Mt 27,51).
A páscoa é um rasgo, um corte na história da fé da humanidade, fazendo diferença entre o Antigo e o Novo; estabelecendo uma nova ordem; traçando uma Nova Lei, como um divisor de águas. Mas, o mais importante é que Deus não fez nada sozinho; fez com a humanidade: tudo é Dom e Conquista.
Na primeira páscoa (Ex 12-15), o grito é por libertação da escravidão.
Deus ouviu o grito do povo (Ex 3,7) e suscitou Moisés como o “ponta de lança” e o enviou (Ex 3,16) para realizar o rasgo, isto é, a libertação; a saída do povo hebreu da escravidão do Egito (Ex 12,17ss).
Na segunda páscoa (a definitiva – Lc 22-24), o grito é por causa do pecado (a pior de todas as escravidões).
Deus se compadeceu da humanidade e enviou o seu próprio Filho (Gl 4,4ss) que, esvaziando-se de sua divindade , como servo (Fl 2,1ss), venceu o pecado e a morte; nos libertou para sermos verdadeiramente livres (Gl 5,1ss)
Por isso, a páscoa é hoje e todo dia!
Não pode ficar no ONTEM porque, tendo a memória curta, nós não aproveitamos nada da sua força, poder e novidade.
Não pode, tão pouco, ser lançada para o FUTURO, depois da morte porque, não querendo nunca morrer, inutilizamos a sua grandeza e esperança.
A experiência da páscoa pode nos ajudar a RASGAR e romper com tudo o que é velho, nos fazendo criaturas novas (2Cor 5,17-19).
Como a páscoa é Dom e Conquista, precisamos acordar para a parte que nos cabe realizar porque Deus faz a parte dele.
Com a entrega (Dom) do Cristo, o véu do Templo se rasgou de alto a baixo; um novo tempo se deu.
Nós precisamos atender a este apelo profético: “Rasguem os corações de vocês e não as suas roupas; retornem para o Senhor, seu Deus, porque ele é bondoso e misericordioso” (Jl 2,13).
Precisamos rasgar e romper para fazer a páscoa acontecer em nós!
“O amor de Cristo é que nos impulsiona, quando consideramos que um só morreu por todos, e conseqüentemente todos morreram.
Ora, Cristo morreu por todos, e assim, aqueles que vivem, já não vivem para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
Por isso, doravante não conhecemos mais ninguém pelas aparências. Mesmo que tenhamos conhecido Cristo segundo as aparências, agora já não o conhecemos assim.
Se alguém está em Cristo, é nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma realidade nova apareceu. Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação” (2Cor 5,14-18).
O Cristo é nossa páscoa para sempre!
Feliz Páscoa para todos!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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