MATURIDADE!
Eu talvez não a tenha. E se tiver seguramente não a tenho suficiente. Imagino que suceda o mesmo a vocês.
Mas é dessa maturidade que se ocupa a Igreja no seu documento Presbiterorum Ordinis.
É dela que Paulo se ocupa na sua carta a Timóteo que vocês conhecem de sobejo. Do ainda jovem Timóteo ele pede maturidade sacerdotal.
Por isso, cabe aos sacerdotes, como educadores na fé, cuidar por si ou por outros que cada fiel seja levado no Espírito Santo a cultivar a própria vocação segundo o Evangelho, à caridade sincera e operosa, e à liberdade com que Cristo nos libertou.25
De pouco servirão as cerimônias, embora belas, bem como as associações, embora florescentes, se não se ordenam a educar os homens a conseguir a maturidade cristã.26
Os presbíteros ajudá-los-ão a promoverem esta maturidade, para que até nos acontecimentos grandes ou pequenos consigam ver o que as coisas significam, qual é a vontade de Deus.
Sejam ensinados também os cristãos a não viverem só para si, mas, segundo as exigências da nova lei da caridade, cada um, assim como recebeu a graça, a administre ao outro,27 e assim todos cumpram cristãmente os seus deveres na comunidade humana.
Presbiterorum ordinis
Capitulo 2 , 6 miunistério dos presbiteros
EFICÁCIA
Ministério eficaz e profícuo! Quem não gostaria de viver suas promessas e votos de vida religiosa e de sacerdócio no mesmo entusiasmo daquela missa até o ultimo dia de sua vida?
Quem não admira um casal que vive seus votos de matrimônio por cinqüenta ou setenta anos, na mais profunda fidelidade?
Haveria vida mais relevante do que viver pelo outro, pela outra, pelos outros, pelo povo? Por sua Igreja? Por sua fé?
E DISSE JESUS
Na vossa paciência sereis senhores de vossas almas. (Lucas 21 : 19)
Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.
8 Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
9 Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
10 Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão.
11 E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
12 E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.
De l963 a l967 estudei nos Estados Unidos onde fiz teologia e psicologia. Éramos 57 seminaristas entre 21 e 45 anos. Alguns vindos do exército, Vietnam e Okinawa. Sonhávamos com a chance de sermos úteis e relevantes como sacerdotes católicos e reparadores. Naquele tempo ainda não nos chamavam de dehonianos. Queríamos elevar as pessoas, tirá-las do sofrimento, aproximá-las da família, dos outros, de Deus. Queríamos reparar os erros do mundo, da Igreja e do povo. Era este o ideal.
Alguns de nós éramos do sul, outros da Europa, a maioria, norte-americanos.
Daqueles 57, 44 se tornaram sacerdotes, 13 deixaram o seminário ainda na teologia
Dos que ficaram:
1 se tornou bispo na África,
2 se tornaram superiores provinciais
8 já morreram, dos quais
um de AIDS
um se matou de um depressão sem cura
um de acidente
os outros por enfermidade
1 foi preso por roubar substanciosa
soma de dinheiro da congregação
5 se tornaram diocesanos
4 se laicizaram e se casaram, um deles
recentemente com setenta anos
2 se casaram um com o outro e vieram vinte
anos juntos mas depois se separaram e
um deles vive com outro homem. O outro
faz penitência como leigo.
Os demais perseveraram e tentam levar adiante o seu sonho.
Isso para falar da graça da perseverança, dos mistérios da vocação religiosa e do sacerdócio, dos limites humanos e da relevância encontrada ou perdida em algum lugar e tempo da jornada.
Em nome da fama, da relevância, o sacerdote foi atraído ao desdouro. Começa aí uma das primeiras lições do futuro sacerdote: puro como anjo ou culpado até aos tornozelos não aceite dar entrevistas onde seu nome luziria. Aponte aqueles designados pelos bispos. Faça como se faz na questão do exorcismo: chame quem está preparado para o ministério.
Mas vamos ao tema que aqui nos trouxe. SACERDÓCIO E RELEVÂNCIA!
1- RELEVAR PARA SER RELEVANTE
Há mais de 20 anos digo e repito, para que não seja esquecido, que o cristão que sabe ler não tem a obrigação de ser doutor, mas tem sim, a obrigação de ser leitor.
Pelos mesmos 20 anos venho lembrando aos seminaristas ou catequistas que me ouvem que aquele que deseja ser relevante precisa, primeiro, saber relevar. O mero fato de quererem ser sacerdotes ou catequistas é porque desejam ser como cidade situada numa colina. Tem algo a dizer ao mundo e querem ser ouvidos. Nada errado em subir ao telhado ou a uma colina para anunciar para mais gente a Palavra de Deus. O erro está na intenção e no que se diz e se faz no intuito de chegar lá em cima e depois que se chegou. Estamos falando de ética da proeminência, ou ética da relevância. Aparecer por quê? Para quê? E com quem?
Sobejamente acontece que a grande maioria dos que desejam exercer um ministério relevante, acaba em conflito com seu grupo, sua editora, sua gravadora, sua ordem, sua diocese porque espera que seus colegas e superiores relevem seus limites, mas eles mesmos não relevam o limite de quem não lhes facilitou a execução do seu projeto pessoal. Quase todos rompem com igreja, grupo, equipe para poderem ser relevantes. E o fazem dizendo-se injustiçados e cerceados.
Se alcançar relevo é subir um pouco ou muito acima do comum, o substantivo é relevância e o verbo é relevar. Bem conjugados, servirão à catequese. Mal conjugados, servirão ao indivíduo e ao seu projeto pessoal de repercutir e atingir relevância. Todo mundo quer subir, mas a diferença está em quanto e como.
A planície pode ser monótona. Depois de um tempo, qualquer colina se torna um relevo importante. No vasto mar, qualquer ilha é um alívio. O desejo de sair da rotina, do cotidiano, do comum a todos pode ser bom e pode ser devastador. Depende de quem deseja ser relevante e porque o deseja.
Pe Zezinho SCJ