No dia do trabalho não há nada para comemorar.
Os trabalhadores e trabalhadoras estão de luto. Profeticamente estão de luto.
E por que estão de luto?
Por causa da precarização do trabalho
Quem trabalha é oprimido pelo sistema capitalista que visa o lucro a cima de tudo. Por causa da lei do lucro, muitos trabalhadores e trabalhadoras são submetidos, por força da necessidade e do fatalismo do consumo, a exercem trabalhos precários e desgastantes, que podem causar danos à sua saúde e de seus familiares que sofrem com mortes, mutilações, distúrbios mentais provocados por ambientes do trabalho inseguros. Segundo Jacqueline Carrijo, auditora fiscal do trabalho, “A má gestão, a falta de educação e cultura de segurança nas empresas, a falta de fiscalização pela falta de auditores fiscais do trabalho e estrutura eficaz do Ministério do Trabalho e Emprego, as economias perigosas, os lucros a todo custo favorecem as tragédias humanas que atingem trabalhadoras/es todos os dias no Brasil.” (Fonte: Fato, julho de 2014).
Por causa dos Acidentes de Trabalho
“Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada 15 segundos morre um trabalhador no mundo, devido a doenças e acidentes no trabalho. São mais de dois milhões por ano, sendo a maioria (86%) devido a doenças. No Brasil, segundo os dados mais recentes do Ministério da Previdência Social, ocorreram 717.911 acidentes no trabalho em 2013 com 2.797 mortes. A minoria (25%) devido a doenças.
Esses dados do Brasil se referem apenas a trabalhadoras/es registrados formalmente (celetistas, temporários, avulsos e outros). Não entram nesta contagem, empregados e empregadas informais, trabalhadoras domésticas informais, profissionais autônomos, empregadores, militares e estatutários. Sobre mortes de acidentes no trabalho não se vê muita divulgação e quando divulgam, poucas são as informações sobre os detalhes do acidente. Em muitos casos, nem o nome do trabalhador é mencionado.” Fonte: Folder da Campanha – Acidente no Trabalho. Culpa da Vítima? – Pastoral Operária de São Paulo/2016
Por causa do trabalho igualado à escravidão.
“Somente no ano passado (2015), mais de mil trabalhadores foram flagrados em condições análogas à escravidão no Brasil, tendo o ministério realizado 140 operações em 257 estabelecimentos fiscalizados pelo Grupo Móvel. ” Fonte: MTPS – Matéria: Fórum de combate ao trabalho escravo e o tráfico de pessoas é instalado em Brasília. Janeiro de 2016.
Por causa da (in)seguridade social
Ásia e América Latina concentra 68% das/os trabalhadoras/es domésticas/os no mundo, majoritariamente mulheres. No Brasil, 42% dessas/es trabalhadoras/es tem seguridade social. Documento da OIT aponta que, no mundo há 67 milhões de trabalhadores domésticos, dos quais 60 milhões não têm nenhum acesso à seguridade social. Desse total de trabalhadores domésticos, 80% são mulheres. “A maior parte do trabalho (doméstico) é desvalorizada e desprotegida. Quando ficam idosos ou se machucam, são demitidos, ficam sem pensão ou adequado apoio de renda. Isso pode e deve ser resolvido”, disse a diretora do Departamento de Proteção Social da OIT, Isabel Ortiz, em comunicado à imprensa no lançamento do relatório “Proteção Social para Trabalhadores Domésticos: Principais Tendências e Estatísticas”. Fonte: http://www.ilo.org – março de 2016
Por causa do desemprego e dos desempregados
O desemprego é um mal que fragiliza a/o trabalhadora/r e enfraquece a luta. Como isso acontece? O lucro no capitalismo é baseado diretamente da exploração da classe trabalhadora. Quanto menor for o salário e quanto menos direitos tiverem, maior será o lucro dos capitalistas, para manter esse sistema, o desemprego é indispensável. Quanto mais gente desempregada, mais) difícil fica a organização de greve e a defesa de direitos.
E então? Os trabalhadores/as têm ou não tem motivos para estarem de luto?
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Foto: Google