“Quero trabalhar em paz! Não é muito o que lhe peço… Eu quero um trabalho honesto em vez de escravidão” (Renato Russo).
Ouvir o noticiário do rádio ou da TV e ficar triste ou desesperado com a situação do país, não muda a realidade. O que muda a realidade é o profetismo. O profetismo é a força de quem escuta e dialoga de cabeça erguida e, não de cabeça baixa. Porque, para encontrar caminhos ou o caminho, é preciso manter os olhos atentos ao que está acontecendo, tanto perto como longe da gente.
A crise econômica e política atual são iguais a tantas outras em que a classe trabalhadora já viveu durante séculos.
Um primeiro olhar que lançamos sobre a realidade é de esperança e, entendemos que a luta e a resistência, alimentada pela fé em Jesus de Nazaré, nos fortalece na caminhada rumo ao Reino que se constrói no caminho.
Quanto a isso, vale a pena reforçar o que, muito bem pontuou o Papa Francisco: “Queremos uma mudança nas nossas vidas, nos nossos bairros, no vilarejo, na nossa realidade mais próxima; mas uma mudança que toque também o mundo inteiro, porque hoje a interdependência global requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença.”
Não podemos nos calar e nem fechar os olhos. Se nos calarmos as pedras falarão. Então, comecemos por nos perguntar: Qual o valor do trabalho e do trabalhador?
Diante das ameaças a que estão expostos os trabalhadores… da concentração de riquezas nas mãos de poucos… da precarização do trabalho a cada dia, resta nos perguntar sobre o valor econômico e moral do trabalho. Isso nos faz perguntar: Para onde estão indo os nossos direitos?
Quem trabalha é oprimido pelo sistema capitalista que visa o lucro a cima de tudo. Por causa da lei do lucro, muitos trabalhadores e trabalhadoras são submetidos, por força da necessidade e do fatalismo do consumo, a exercem trabalhos precários e desgastantes, que podem causar danos à sua saúde e de seus familiares que sofrem com mortes, mutilações, distúrbios mentais provocados por ambientes do trabalho inseguros. Segundo Jacqueline Carrijo, auditora fiscal do trabalho, “A má gestão, a falta de educação e cultura de segurança nas empresas, a falta de fiscalização pela falta de auditores fiscais do trabalho e estrutura eficaz do Ministério do Trabalho e Emprego, as economias perigosas, os lucros a todo custo favorecem as tragédias humanas que atingem trabalhadoras/es todos os dias no Brasil.” (Fonte: Fato, julho de 2014).
Vemos o desmonte dos direitos trabalhistas, entre outros, no Congresso Nacional por políticos que visam a exploração do/a trabalhador/a em detrimento da justiça social e da dignidade humana.
Não menos escandalosa é a situação de milhões de aposentados que, numa previdência social saqueada, são submetidos à postergação do seu direito de aposentadoria para as vésperas da morte.
Profeticamente o Papa Francisco escreve: “Às vezes, para que haja uma liberdade econômica da qual todos realmente beneficiem, pode ser necessário por limites àqueles que detém maiores recursos e poder financeiro” (Laudato Si, nº 129).
No dia do trabalho não há nada para comemorar. Então façamos luto! Essa será a atitude profética deste dia. Façamos luto!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Foto: Google










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