Todos os dias vemos, ouvimos e assistimos coisas odiosas que perturbam nossa mente, desestimulam nossas ações e ferem nossos sonhos. Todos os dias nos defrontamos com inúmeros escândalos; nos decepcionamos com pessoas; nos frustramos com promessas; nos abalamos com diversas situações terríveis.
Essas coisas todas inquietam, angustiam… mexem com a gente! De muitas bocas brotam maledicências. De muitas mentes surge a vingança. Em muitos corações viceja a falta de esperança. Mas, como não ficar incomodado? Como não ceder ao desespero?
O mundo gira e as pessoas se perguntam: Meu Deus, até quando? Será que há conserto em tudo isso? Será que o ser humano ainda tem jeito? Será que vale a pena pensar em algo melhor? Será que conseguiremos reverter essa situação? Será que, ainda, a esperança tem lugar? Com quem podemos contar? Como fazer para mudar? Viver, ainda, vale a pena? O amor, ainda, vale? O que, ainda, vale a pena? Em que acreditar? O que esperar? Em quem confiar?
As coisas estão levando as pessoas a tal ponto de desencantamento que, a vida, parece ter chegado ao limite máximo do absurdo. Falamos em perda do sentido e do valor das coisas e da vida!
Que a realidade, apesar de toda sua dureza, não seque o poço das nossas esperanças, não esfrie o nosso coração, não apague os nossos sonhos, não enfraqueça nossas convicções, não engesse nossos braços e nem cegue a nossa visão!
É verdade que o mundo, em muito coisa e, há muito tempo, está decaído, perdido, e sem razões! Mas, não é todo o mundo que está decaído, perdido e sem razões! De quem depende o bem do mundo? Do que depende a beleza das coisas? A quem está confiada a mudança do mal em bem? No que você acredita? Qual a sua esperança! O que, pra você, ainda vale a pena!
Como diz Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena!”
Qual o tamanho da sua alma ou do pouco que, ainda, resta dela? Onde está a sua alma? Pessoas desalmadas não conseguem dar esperança ao mundo, porque não conseguem dar esperanças a si mesmas; não conseguem dar respostas ao mundo, porque não conseguem dar respostas a si mesmas; não conseguem fazer o mundo viver, porque já não acreditam mais na vida. Pessoas desalmadas já não têm mais coração: perderam a própria humanidade, embruteceram-se, negaram-se.
Continua a dizer Fernando Pessoa:
“Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio./ Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos/ Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas./ (Enlaçemos as mãos)./ Depois pensemos, crianças adultas, que a vida/ Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,/ Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,/ Mais longe que os deuses./ Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos./ Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio./ Mais vale saber passar silenciosamente./ E sem desassossegos grandes.”
Diz a Palavra de Deus, no livro do Eclesiástico:
“O homem paciente resiste até o momento oportuno, e será recompensado no final com a alegria” (1,20-21). “Não faça o mal, e o mal não lhe acontecerá. Afaste-se da injustiça, e ela se afastará de você” (7,1-2). “Persevere em sua tarefa, faça dela a sua vida, e envelheça cumprindo o seu dever. Não admire o que o pecador faz” (11,20-21). “Quem cava um buraco, nele cairá; quem prepara uma armadilha, ficará preso nela. O mal se volta contra quem o pratica, e sem que a pessoa saiba de onde ele vem” (27,26-27). “Não se deixe dominar pela tristeza, nem se aflija com preocupações. Alegria do coração é vida para o homem, e a satisfação lhe prolonga a vida. Anime-se, console o coração e afaste a melancolia para longe” (30,21-25).
No fundo, tudo vale a pena! Mas cada um de nós precisamos resgatar o valor do valor e o sentido do sentido. Portanto: faça a vida valer o que ela vale; o amor, o que ele vale e você, o que você vale!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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