Caminho e caminhada não é, tão somente, o registro geográfico de um território ou de um percurso feito por alguém. Não! É muito mais! E se for considerado pela fé, caminho e caminhada é uma vivência que constitui um sentido para a existência: o caminho seria o “traçado da vida”, entendido como direção, objetivos, sonhos e metas e, a caminhada seria a própria realização pessoal, em meio às idas e vindas, quedas e reerguimentos, luzes e sombras… estamos falando de processo de crescimento.
O Cristianismo nascente será identificado, historicamente, como “o caminho”.
Quem lê o evangelho de Lucas 24,13-34 depara-se com a volta dos discípulos de Emaús para casa. Olhando para o versículo 35a., vai se dar conta de como a experiência do caminho, para eles, foi paradigmática. Quer dizer, ao fazer o caminho de Emaús, obrigaram-se a uma revisão de vida e de fé. Experimentaram, com isso, muitas descobertas e revelações: “Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão” (Lc 24,35).
Mas, o que aconteceu no caminho?
No caminho aconteceu uma caminhada, como nunca acontecera antes; uma caminhada reveladora: do caminho, dos caminhantes. No caminho o coração ardeu. No caminho se repaginou a vida. No caminho aconteceu ressurreição.
O caminho é a escola das testemunhas do ressuscitado!
Quem se dispõe a caminhar torna-se testemunha.
De que valem as testemunhas?
O Texto que fala dos discípulos de Emaús dá um salto, a partir do versículo 35, e nos leva para o meio dos onze discípulos, reunidos, em Jerusalém (Lc 24,36-48).
“O relato de Lucas sugere, antes de mais nada, que o contato visual é insuficiente. A cena impressiona: assustados, os onze e seus companheiros imaginam que veem um fantasma. A palavra do Ressuscitado é acrescentada à sua aparência e os discípulos passam a compreender melhor. No entanto, os que ouvem ficam ainda mais surpresos com a ação dele: Jesus come diante deles um pedaço de peixe assado.
Jesus ressuscitado aparece em meio ao cotidiano dos discípulos. Jesus faz questão de que, diante do medo e da perturbação sentida, eles o toquem. (comentário de Luiz Alexandre Solano Rossi, na revista Vida Pastoral)
‘Por que vocês estão perturbados?’ questiona Jesus! Então, mostrando-lhes as chagas (as mãos e os pés), como sinal e prova da verdade da sua morte e ressurreição, Jesus pacifica seus corações.
Jesus checa tudo daqueles que ele quer como testemunhas e lhes dá um grande ensinamento que servirá como bússola missionária: a ligação estreita com a Palavra para compreender a dinâmica do Reino de Deus e viver a obediência e a fidelidade.
“Jesus disse: ‘São estas as palavras que eu lhes falei, quando ainda estava com vocês: é preciso que se cumpra tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.’ Então Jesus abriu a mente deles para entenderem as Escrituras. E continuou: ‘Assim está escrito: O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. E vocês são testemunhas disso” (Lc 24,44-48).
Testemunhar será sinônimo de: “viver como ele viveu”, sob a vontade do Pai!
“Definitivamente, não há como ser discípulo distanciado das Sagradas Escrituras. Nela nos alimentamos diariamente com o projeto libertador e salvador de Jesus Cristo, manifestado desde a ação solidária de Javé libertando os escravos no Egito” (comentário de Luiz Alexandre Solano Rossi, na revista Vida Pastoral).
Por Pe. Edivaldo Pereira dos Santos