As pessoas deste nosso tempo estão mais propensas ao religioso, ao místico… Mas, nesta mesma direção estão, também, o comércio, a indústria musical, a mídia, a produção literária, a linguagem, as relações, a política (quem diria?), empresas e empreendimentos, serviços, associações, fundações, relações…
Isso não equivale a dizer que o mundo ficou mais cristão. Não vejo nisso o surgimento de uma nova consciência mundial, madura e autêntica, de pessoas que se encontraram como discípulos e discípulas de Cristo. Vejo nisso a explosão de uma grande onda eclética, sincrética, esotérica, misticista e holística. A estampa é cristã; a aparência é cristã; o formato é cristão, mas, não passa de simulacro. Nem tudo, é verdade, mas a maioria é; flagrante simulação; gato por lebre; novos cristãos em situação de homens velhos.
O cotidiano traz os exemplos
Não são poucos os exemplos de prática de homens velhos nos novos cristãos. É só assuntar algumas práticas como:
a mercantilização da fé: tudo é passível de compra e venda no grande shopping center da fé;
a diabolização da vida: os problemas e os males da vida são explicados, somente, em termos de possessão demoníaca e, a solução, em termos de exorcismos;
a disputa de poder: o ideal de fraternidade preconizado por Cristo, foi substituído, inescrupulosamente, pela sede de poder e, nas hierarquias religiosas, ostentação e status;
a intolerância religiosa: com a mesma facilidade que as crianças brigam por causa de algumas pequenas bobagens, assim estão muitos cristãos; com uma diferença: as crianças não levam as brigas para o coração. Não há respeito pelo outro;
a fragmentação denominacional: o surgimento inflacionário de novas denominações corresponde, muito mais à satisfação do individualismo egolátrico do que à construção de um discipulado cristão autêntico;
a divisão familiar e social: a substituição dos vínculos naturais de relacionamento, principalmente os familiares, por aqueles que correspondem à cumplicidade criada com o novo grupo da fé. Não há nenhuma dor na consciência pelo desprezo aos pais, irmãos, familiares, amigos, vizinhos que não frequentam o mesmo espaço.
E, tem mais… a negação do que é verdadeiramente humano, a Justificação da injustiça e do mal como vontade de Deus; o fatalismo religioso; a infame doutrina da prosperidade; a exacerbação da violência; a banalização da morte; a bipolarização entre as coisas do mundo e do céu… e outros tantos exemplos… é preciso explicação?
A Bíblia faz os alertas!
“Portanto, em nome do Senhor, digo e recomendo a vocês: não vivam como os pagãos (…) Vocês devem deixar de viver como viviam antes, como homem velho que se corrompe com paixões enganadoras. É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade. Por isso, abandonem a mentira: cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Vocês estão com raiva? Não pequem; o sol não se ponha sobre o ressentimento de vocês. Não dêem ocasião ao diabo. Quem roubava, não roube mais; ao contrário, ocupe-se trabalhando com as próprias mãos em algo útil, e tenha assim o que repartir com os pobres. Que nenhuma palavra inconveniente saia da boca de vocês; ao contrário, se for necessário, digam boa palavra, que seja capaz de edificar e fazer o bem aos que ouvem. Não entristeçam o Espírito Santo, com que Deus marcou vocês para o dia da libertação. Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade. Sejam bons e compreensivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou a vocês em Cristo” (Ef 4,17-32).
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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