“Bem-aventurados sois vós, que vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos céus, pois deste modo perseguiram os profetas que vos precederam (Mt 5,11-12).
Os Bispos da Província Eclesiástica do Piauí, que compõem o Regional Nordeste 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vem a público prestar solidariedade a Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, à CNBB e ao Papa Francisco, que, recentemente, foram vítimas de ataque de ódio. Este tipo de conduta é incompatível com a fé cristã e o Evangelho de Jesus. Portanto, a cultura do ódio, que tem sido vergonhosa e lamentavelmente disseminada no Brasil, mantida e promovida por quem se apresenta como cristão, é abominável e será sempre condenada pela Igreja Católica.
Concordamos com o que disse Dom Orlando Brandes, em sua homilia, na Celebração Eucarística do dia 12 de outubro: precisamos construir um Brasil que seja pátria amada, e “para ser pátria amada, não pode ser pátria armada”. A Igreja é e continuará sendo contrária à cultura armamentista, porque acredita que a paz é fruto da justiça, não das armas. A justiça é que faz surgir um País justo e fraterno para todos. Mas o que vemos é o oposto disso: somos vítimas de inúmeras injustiças, que precisam ser sempre denunciadas, porque ferem a dignidade de todos os brasileiros.
Os discursos de ódio perpetrados contra o Papa, os Bispos e demais lideranças comprometidas com as grandes causas do Reino de Deus não serão capazes fazer cessar o trabalho missionário da Igreja, na luta por justiça e paz. Os que semeiam o ódio e a discórdia continuarão sendo denunciados, porque o povo brasileiro precisa conhecer os inimigos da verdade, da justiça e da paz. Acreditamos que o bem é infinitamente superior ao mal, e que este não vai prosperar, porque contém, em si mesmo, o gérmen de sua própria destruição.
De forma destemida, desde a sua fundação, a CNBB tem colaborado na construção de um País justo e fraterno, anunciando o Evangelho de Jesus e promovendo inúmeras ações de defesa e promoção da dignidade da pessoa humana, nos âmbitos da saúde, educação, cultura, direitos humanos, entre outros serviços de relevância social e espiritual. Durante toda a sua história, a Igreja encontrou resistência de pessoas e grupos que não aceitam a justiça e não vivem conforme o mandamento de Deus. Tal resistência é motivo de estímulo para a Igreja continuar firme em sua missão: cuidar das pessoas, especialmente as mais fragilizadas e vítimas das injustiças.
Aproveitamos a oportunidade para reafirmar a nossa comunhão plena com o Papa Francisco, Sucessor de Pedro e Bispo de Roma, com quem também nos solidarizamos. Papa Francisco tem sido, desde o início de seu pontificado, exemplo de Pastor zeloso, misericordioso e amigo dos mais pobres; homem de Deus, admirado por inúmeras pessoas, grupos e instituições, dentro e fora da Igreja. Atacado, diuturnamente, não se deixa intimidar, porque sabe que cumpre fielmente o mandato recebido de Jesus, de apascentar o rebanho do Senhor, governando a Igreja, com amor e misericórdia. Com ele estamos aprendendo que o sentido da missão é partir, sair para as periferias do mundo, assim como fez Jesus de Nazaré, nosso Mestre e Senhor.
Por fim, convidamos a todo o povo de Deus a se manter firme e fiel no caminho de Jesus, com atenção redobrada ao que está acontecendo hoje no Brasil, para que, na oportunidade em que for chamado a decidir os rumos do País, faça-o de forma consciente e responsável, impedindo que mulheres e homens cheios de ódio e disseminadores da mentira, inimigos da justiça social, possam assumir postos políticos nas várias esferas de poder e de governo. O povo brasileiro está sofrendo as consequências da falta da boa política, “a política melhor, a política colocada a serviço do bem comum” (Fratelli Tutti, n. 154). A Igreja está ao lado do povo que sofre, porque é chamada a ser “advogada da justiça e defensora dos pobres” (Documento de Aparecida, n. 395). Esta é a sua missão.
Que o Espírito do Senhor continue nos guiando na missão, e que a Virgem de Aparecida nos ajude com a sua intercessão.
Teresina, 19 de outubro de 2021.
Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho
Arcebispo de Teresina
Dom Plínio José Luz da Silva
Bispo de Picos
Dom Juarez Sousa da Silva
Bispo de Parnaíba
Dom Eduardo Zielski
Bispo de São Raimundo Nonato
Dom Francisco de Assis Gabriel dos Santos
Bispo de Campo Maior
Dom Marcos Antonio Tavoni
Bispo de Bom Jesus do Gurguéia
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo de Oeiras
Dom Edivalter Andrade
Bispo de Floriano
Dom Augusto Alves da Rocha
Bispo Emérito de Floriano
Dom Alfredo Schaffer
Bispo Emérito de Parnaíba
FONTE: https://cnbbne4.org.br/nota-de-solidariedade-a-dom-orlando-brandes-a-cnbb-e-ao-papa-francisco/