Não julgue os acontecimentos, a vida é um mistério!

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“Mais facilmente se julgaria um homem segundo os seus sonhos do que segundo os seus pensamentos”(Victor Hugo).

Todo julgamento é, por si mesmo, um grande mal. Porque, além de falsear o entendimento das coisas, com uma visão distorcida da realidade, rotula a vida com uma obviedade que não lhe permite nenhum avanço, entusiasmo e alegria.

Acompanhe a leitura desta história…

Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco… Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia: “Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?”

O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.

Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu, e todos disseram: “Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!”

O velho disse: “Não cheguem a tanto! Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se a situação é de uma desgraça ou de uma bênção, não sei, porque esse é apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai se seguir?”

As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.

Novamente, as pessoas se reuniram e disseram: “Velho, você estava certo! Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma bênção”.

O velho disse: “Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo está de volta… quem sabe se é uma bênção ou não? Este é apenas um fragmento. Você lê uma única palavra de uma sentença – como pode julgar todo o livro?”

Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo… O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas. As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram: “Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas e na sua velhice ele era seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca.”

O velho disse: “Vocês estão obcecados por julgamento. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma bênção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado”.

Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram: “Você tinha razão, velho – aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre.”

O velho disse: “Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso é uma bênção ou uma desgraça.”

Entre os muitos pequenos cuidados que devemos ter para não jogar a vida num abismo de morte, um deles é não dar asas ao julgamento, pois, o julgamento nega as surpresas dos acontecimentos cotidianos e põe a perder o sentido de mistério presente na vida.

 

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

 

 

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