Aproxima-se o lançamento da Campanha da Fraternidade 2023, que traz o tema “Fraternidade e Fome”, mas eu gostaria de refletir ainda, um pouco, sobre a Campanha de 2022, até porque o ano passou mas o desafio continua: muito ainda precisa ser feito no nosso país, para que se transforme a triste realidade educacional em que vivemos e que, inclusive, tem implicação direta na problemática da fome do nosso povo. E inicio a minha reflexão recorrendo a um missionário católico, renomado cantor, compositor e escritor, que há mais de cinquenta anos utiliza a música para evangelizar.
Na canção “Um certo galileu”, o Padre Zezinho conta a história de “um jovem pregador que tinha tanto amor” e “tocava o coração de quem o escutava”. Ninguém podia imaginar um amor assim tão grande, tão cheio de paz, transmitido de um jeito tão puro e tão bonito. Seu nome: Jesus de Nazaré, exemplo inconteste de alguém que “fala com sabedoria e ensina com amor”. Sem dúvida, a cantiga sintetiza a vida daquele que melhor representa o espírito da Campanha da Fraternidade 2022, cujo tema é Fraternidade e Educação, e o lema aponta para a sabedoria e para o amor.
Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, mas também homem como nós, viveu a vida fazendo o bem e praticando o amor. Sua pregação era coerente com a sua prática, e a sua prática era reflexo do que ensinava. Seu jeito simples de conversar, seu jeito amigo de se expressar atraía multidões que o seguiam por todos os lugares, impulsionadas por seu testemunho e impressionadas com o seu discurso.
Mais que qualquer outro pregador, mais que qualquer escriba ou mestre da Lei, ele falava com sabedoria e ensinava com amor. Dirigia-se a ricos e pobres, cultos e iletrados, judeus e pagãos, sem distinção de qualquer natureza. Sua pedagogia, baseada no diálogo, privilegiava a liberdade, a justiça e a verdade, sendo, portanto, a inspiração ideal para os educadores de um mundo em contínua transformação.
Nos nossos dias, é por demais oportuno que os educadores brasileiros busquem conhecer a pessoa e os ensinamentos do Redentor, passando a praticá-los com convicção, para que essa transformação, que é contínua e irrefreável, retome os trilhos da fraternidade e, por conseguinte, do desenvolvimento integral do ser humano. Professores, mestres, doutores, sacerdotes, catequistas, todos enfim que têm a vocação de ensinar, devem mirar-se no exemplo do Divino Mestre.
A bem da verdade, cada um de nós tem algo a ensinar e muito a aprender – sempre! Aprender com Jesus e com Maria, com a Igreja e com a Escola, com a Família, com o Povo e com a Vida. Cristãos e não cristãos, todos podem colaborar na construção de uma vida nova, digna e feliz. E particularmente nós católicos, batizados que somos, somos enviados em missão, para pregar a boa nova a todas as criaturas, transformando as estruturas que muitas vezes escravizam e matam o corpo e a alma. Assim sendo, procuremos ouvir com sabedoria e aprender com amor, para que saibamos, como o “jovem pregador”, falar com sabedoria e ensinar com amor, e onde quer que estejamos, a quem quer que nos dirijamos, o que quer que digamos, usemos sempre a coerência, a paciência, a pedagogia e a lógica de Jesus, que se fundamentam no amor, na justiça, na verdade e na misericórdia.
Por: Diác. Gutemberg Cavalcante Rocha