NA TRILHA DA CF 2022 (II)
A Esposa de Cristo
O lema da Campanha da Fraternidade 2022, extraído do livro dos Provérbios, integra uma lista de atributos comportamentais e existenciais considerados indispensáveis à “esposa ideal”. Diz o autor sagrado que, dentre várias outras qualidades, a esposa ideal é aquela que “fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31.26). E em se tratando de esposa ideal, é natural lembrarmos da Esposa de Jesus Cristo, a Igreja, “a Esposa imaculada do Cordeiro imaculado” (cf. CIC 796).
Pois bem, além de Esposa de Cristo, a Igreja é Mãe e Mestra, conforme enfatiza o Papa São João XXIII na Encíclica “Mater et Magistra”, importante marco da Doutrina Social da Igreja, publicada em 1961. “Mãe e mestra de todos os povos”. E como Esposa, e como Mãe, e como Mestra, ela fala com sabedoria e ensina com amor. Sendo assim, é imperioso escutarmos a Igreja, se quisermos um mundo novo, porque através da Educação é que chegaremos lá, e a Educação tanto mais se mostrará eficaz, eficiente e efetiva, quanto mais seja iluminada pela Palavra de Deus.
O Magistério da Igreja, os Santos e Doutores, a Tradição, a caminhada do Povo de Deus, e toda a experiência e conhecimentos acumulados pela Santa Madre Igreja ao longo de vinte séculos, inclusive com a disseminação de escolas católicas, de todos os níveis, pelos cinco continentes, credenciam-na a ser farol para quem se propõe avançar para águas mais profundas, na construção do mundo mais humano, justo e solidário proposto pela Campanha da Fraternidade.
É preciso ESCUTAR, DISCERNIR, AGIR. Não se espere um caminho sem espinhos: haverá dificuldades, sim; haverá dúvidas e pedras no meio do caminho, haverá obstáculos e dissabores, mas haverá também esperança e libertação, leite e mel, encantos e flores.
Tampouco se pense que a contribuição da Igreja se limita a rudimentos da fé.
Ao sugerir mudanças nas políticas educacionais, a Igreja pretende que se faça uma avaliação científica aprofundada e se encontrem soluções práticas, criativas e consistentes, no sentido de se promover, pela Educação, a vida e a dignidade humana, especialmente dos mais pobres e vulneráveis.
Tudo isso requer que a Educação se submeta à lógica cristã da Fraternidade, e que haja harmonia e equilíbrio entre a Fé e a Razão, lembrando o que diz a Encíclica “Fides et Ratio” (São João Paulo II, 1998): “a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.
Portanto, a Esposa de Cristo está habilitada a prestar um grande – eu diria imprescindível – contributo à sociedade, pois ela fala com sabedoria e ensina com amor. Consciente disso, ela mesma se lança à tarefa de iluminar a história propondo mudanças de rumo. Assim é que, há dois anos, o Papa Francisco propôs ao mundo o Pacto Educativo Global, visando uma educação humanizante, universal e inclusiva; assim é que, agora, no Brasil, neste tempo favorável de conversão, a CNBB convida os fiéis, autoridades e entidades ligadas à Educação, a se debruçarem sobre o tema, objetivando um humanismo integral e solidário, alicerçado no diálogo, na fraternidade e na paz.
Por: Gutemberg Cavalcante Rocha