Somos frágeis por natureza, mas, isso não nos torna menos dignos e respeitáveis. Pelo contrário, essa é a nossa humanidade. O que parece ser a condição mais digna de pena é, na verdade, a nossa maior glória. Ora, não somos deuses. Somos gente. Passíveis de erro e morte, mas somos filhos de Deus (1Jo 3,1-2).
Nossa condição humana nos assusta e, por vezes, nos leva a querer ser o que não somos. Vivemos assolados por conflitos internos e externos. E, nem sempre somos capazes de enfrentá-los. Vivemos mergulhados em contradições.
A vida é complexa, mas conseguimos deixá-la complicada; é simples, mas conseguimos deixá-la simplória; é bela, mas conseguimos deixá-la feia; é comprometedora, mas conseguimos deixá-la uma piada; é eterna, mas conseguimos deixá-la banal.
Temos uma dívida muito grande com a vida. Mais pelo que deixamos de ser do que pelo que deixamos de fazer. Não aceitamos quem somos. Bem por isso, não assumimos o que fazemos. Assim o tempo passa; a vida corre; uns vão e outros vem… E a gente continua na mesmice, deixando a vida correr.
E a tal da ‘nossa dignidade’ tão reclamada por todos. Será que ela é mais diminuída pelos outros do que por nós mesmos? Já chegou a hora e, esta hora, é agora em que devemos tomar a vida em nossas próprias mãos e mudar de rumo. Não podemos continuar vivendo como num faz de contas.
A vida nos chama ao arrependimento e à conversão diária para mantermos a legítima conexão entre mudança de vida e salvação. Nossa trajetória de vida mistura alegria e tristeza, saúde e doença, conquistas e fracassos, ganhos e perdas, quedas e reerguimentos.
A nossa dignidade humana só será reconhecida pelos outros e querida por nós mesmos, mediante a consciência de nossa miséria e finitude. Na mesma medida, a nossa dignidade na fé só alcançará seu verdadeiro status de maturidade, quando sustentada por este humilde pedido ao Senhor: “meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!”
É preciso ter coragem e tomar iniciativa para romper com o pecado!
“Todo aquele que deposita essa esperança em Jesus se purifica, para ser puro como Jesus é puro. Todo aquele que comete pecado, comete também violação da lei, porque o pecado é violação da lei. Mas vocês sabem que Jesus se manifestou para tirar os pecados, e que nele não existe pecado. Todo aquele que nele permanece, não peca. Todo aquele que peca, não o viu nem o conheceu. Filhinhos, que ninguém desencaminhe vocês. Quem pratica a justiça é justo, assim como Jesus é justo. Quem comete o pecado pertence ao Diabo, porque o Diabo é pecador desde o princípio. Foi para isto que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo. Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque leva dentro de si a semente de Deus: não pode pecar, porque nasceu de Deus. Desse modo, torna-se claro quais são os filhos de Deus e quais são os filhos do Diabo: todo aquele que não pratica a justiça, isto é, que não ama ao seu irmão, não é de Deus” (1Jo 3,3-10).
É preciso se colocar na misericórdia de Deus para ser justificado por ele.
“Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro era cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim no seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos. Eu faço jejum duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. O cobrador de impostos ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!’ Eu declaro a vocês: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva, será humilhado, e quem se humilha, será elevado” (Lc 18,9-14).
A vida precisa de nós com medidas de arrependimento e conversão!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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