A vida pública de Jesus foi bastante intensa. Ele não a realizou sozinho. Inicialmente escolheu o grupo dos doze, deu-lhes poder e os enviou.
“Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade. São estes os nomes dos Doze Apóstolos: primeiro Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus.
Jesus enviou os Doze com estas recomendações: ‘Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo’” (Mt 10,1-7).
Sabemos que o grupo dos doze é o símbolo e o sinal do Novo Povo de Deus. Com este grupo Jesus compartilha os mistérios e a missão de instaurar o Reino de Deus.
Jesus teve muitas dificuldades no trato com os doze: imaturidade, incompreensões, desentendimentos, ignorância, disputas, competição, impulsividade, carreirismo, preconceito, instabilidade, traição…
É bem provável que, num dos muitos momentos críticos do grupo, o Senhor Jesus tenha tomado a decisão de escolher outros setenta e dois. Conforme descreve Lucas.
O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. E lhes dizia: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’ Mas quando vocês entrarem numa cidade, e não forem bem recebidos, saiam pelas ruas e digam: ‘Até a poeira dessa cidade, que se grudou em nossos pés, nós sacudimos contra vocês. Apesar disso, saibam que o Reino de Deus está próximo’. Eu lhes afirmo: no dia do julgamento, Deus será mais tolerante com Sodoma do que com tal cidade. Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. Ai de você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada no inferno, isso sim! Quem escuta vocês, escuta a mim, e quem rejeita vocês, rejeita a mim; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,1-16)
O Reino de Deus tem urgências que não pode esperar só a boa vontade e o tempo dos quer foram escolhidos e, nem tão pouco, ficar à mercê de sua imaturidade, incompreensões, desentendimentos, ignorância, disputas, competição, impulsividade, carreirismo, preconceito, instabilidade, traição…
Outros são necessários para que os primeiros não se sintam os únicos, exclusivos e indispensáveis. A chegada dos novos sempre chacoalha os antigos em suas manias e privilégios e, de certa forma, coloca-os no “olho da crise” para que amadureçam e se comprometam.
Benditos sejam os outros setenta e dois e sua chegada. Isso foi essencial para depurar o grupo dos doze até ao máximo da vida oferecida em oblação.
Quem não faltem outros setenta e dois para a igreja, na missão hoje!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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