DOMINGO DA PÁSCOA
Por que procurais entre os mortos àquele que está vivo?
Os anos passam, o tempo corre, a vida vai em direção a uma meta. A vida è uma passagem! Alguns dizem que a vida é uma passagem em direção ao nada; ou seja, um salto no vazio. Assim a vida não há mais sentido. De fato, se a vida humana é uma passagem em direção ao nada, nós somos levados a viver um desejo de felicidade que nunca se cumprirá, uma espera de justiça que não se realizará. Sem julgar e condenar quem não espera, nós propomos a nossa esperança. Nós propomos a certeza da ressurreição.
Antes de tudo agradecemos a Deus pelo dom da fé, pela qual muitos deram a vida. A fé é assim fascinante que muitos têm deixado tudo em nome dela. Essa responde tanto às esperas do coração humano, que muitos, quando a encontram exclamam como Santo Agostinho: “Como fiz, Senhor, a viver até agora sem Ti? Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova. Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração. Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava. Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te” (Santo Agostinho, Confissões 10, 27-29).
A nossa fé cristã é toda ligada a uma pessoa: Jesus, o Cristo morto e ressuscitado: “Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, o crucificado. Ele não está aqui. Ressuscitou como havia dito… Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá vós o vereis” (Mt 28,5-7).
Uma testemunha ocular dos fatos da vida de Jesus, o apóstolo Pedro, assim escreveu: “Não foi seguindo fábulas sutis, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade, que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pd 1,16).
Mas se Jesus é Deus feito homem e morreu e ressuscitou por nós, o que muda na nossa vida? Muda o senso de tudo! A Ressurreição de Cristo nos leva a um grande otimismo. Somos chamados a termos confiança e a darmos sentido à vida.
Sabemos certamente que existe o mal, a dor, a morte; mas nada nos faz medo, porque sabemos que Deus mesmo se inseriu em um movimento de renovação do mundo, se empenhou ao nosso lado no caminho da ressurreição total da humanidade. A ressurreição parte do coração, por meio de uma libertação e uma transformação que nos torna capazes de um amor grande como aquele de Deus. A ressurreição é, portanto, dom e conquista, futuro e presente, espera e experiência junto. A alegria da vida ressuscitada se pode já experimentar vivendo a caridade autêntica nas suas expressões de serviço humilde, de perdão total, de mansidão e benevolência, de dom total de si mesmo.
A fé na ressurreição nos impede de pensar em uma salvação toda interior, impalpável e quase em contraste com as exigências materiais do homem. Se o corpo é destinado à ressurreição, também as suas esperas são esperas de ressurreição. Não podemos aceitar passivamente a pobreza, fome, o sofrimento, a prostituição do corpo e redução do homem a “carne” sem alma e sem dignidade. Devemos ser os defensores da dignidade da vida de todos no nome daquele que não hesitou em vir a nós, a morrer e ressuscitar por nós, porque Deus crê no homem mais de quanto o homem creia em Deus.
Assim sendo, desejamos a todos uma feliz e abençoada Páscoa!
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras