MAIS UMA VEZ, É NATAL!
Natal mais que um dia, é uma luz que ilumina todos os dias. 25 de dezembro é para nós cristãos a festa no nascimento de Jesus Cristo, o nosso Salvador; a festa da luz que vence as trevas.
Deus entra na história discretamente. É um fato que nos encanta e ao mesmo tempo nos escandaliza. Encanta porque para vir ao mundo ele privilegia a via da humildade para que os humildes entendam o quanto Deus os ama. Escandaliza, quando na nossa escuridão preferimos o poder, a grandeza, o domínio; mas a luz de Deus brilha com uma novidade, que nós não podíamos prever.
A primeira grande surpresa, o primeiro raio de luz que faz terrivelmente contraste com a sombra do orgulho humano é: Deus nasce pobre! Deus é pobre, porque Deus é amor! A pobreza é a verdadeira grandeza de Deus. Numa época de consumo, de contas percentuais…, é belo re-escutar a voz da verdade que vem de Deus: “felizes os pobres, porque vosso é o reino de Deus”.
“Imediatamente apareceu com o anjo uma multidão do exército celeste que louvava a Deus e dizia: Glória Deus nos mais altos dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade”. A paz! É o sonho da humanidade, mas não a realidade em plenitude; é o desejo de todos, mas não a experiência. Por quê?
Belém nos dá a exlicação: somente depois de ter brilhado a luz da humildade, Deus fala de paz. A paz é fruto de uma conversão do coração à humildade e à pobreza. Enquanto o coração dos homens for pleno de orgulho, não teremos a paz. Enquanto a procura da riqueza envenenar a existência dos homens com ilusões de uma felicidade feita de coisas, não teremos a paz.
“Apenas os anjos se distanciaram para retornarem ao céu, os pastores diziam etre eles: Vamos a Belém, vejamos este acontecimento que o Senhor nos fez conhecer!” Vamos a Belém! Há ainda lugar para a esperança? Vale a pena ir a Belém? Sim! Afirmo que vale a pena, sobretudo para aqueles que procuram uma luz na escuridão do mundo.
O caminho que os pastores percorreram para chegar a Belém não foi inútil. O caminho que percorremos ao encontro da Luz (Jesus) não é em vão. Hoje tantas pessoas voluntariamente se consagram para salvar os jovens das dependências químicas e outras dependências, doentes de aids ou outras enfermidades. O fazem em nome de Cristo, jogando-se no perigo, motivados pelo amor que entrou na história através da gruta de Belém.
Vale a pena ir a Belém, porque enquanto avança a cultura do egoísmo que rejeita e mata as crianças, os idosos e os doentes, há também pessoas que acolhem a vida com alegria bendizendo o céu e sorrindo por cada dom de Deus que nos é oferecido. Estes são as flores dos jardins que encantam e alegram vidas nesta época pós-moderna.
A criança de Belém deu dignidade a cada criança. Aqueles que entenderam este mistério são os que ajudam a elevar a dignidade do mundo inteiro. Assim podemos dizer: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam na terra tenebrosa uma luz resplandeceu”.
Tudo nasce em Belém! “porque uma criança nasceu para nós, nos foi dado um filho… é chamado Conselheiro admirável, Deus potente, príncipe da paz. Grande será o seu domínio e a paz não terá fim…” Esta é a verdade: uma verdade que está diante dos nossos olhos e que nos faz chorar de alegria e que dá sentido ao nosso cumprimento: BOM NATAL.
Vamos a Belém e deixemo-nos envolver pelo calor humano e divino daquela criança que nasce e renova a nossa esperança. Aproveitemos a oportunidade e dirijamo-nos uns aos outros, independente de cor, raça e situação social e digamos: FELIZ NATAL!
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras