“A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará” (I Cor 13, 4-8).

Com estas palavras de São Paulo, o grande Apóstolo Missionário de nossa Igreja nos primórdios da ação evangelizadora, começo a minha mensagem de agradecimento. Texto este que me serviu de inspiração e determinou o meu lema Episcopal: “In omnes caritas” (Em tudo, a caridade). Grande responsabilidade! Que desafio o Senhor me faz, quando no confronto com a Sua Palavra me vejo tão pequeno e impotente. Só a graça, somente a graça de Deus para me encorajar e me dar firmeza para persistir neste bom propósito, sem nunca desistir.

Neste dia memorável, em que a comunidade eclesial traz à memória o nosso querido São José, esposo de Nossa Senhora, Pai adotivo de Jesus e Patrono de nossa Igreja, homem bom, Santo e Justo, tivemos a graça de participar da Ordenação Episcopal deste servo de nosso Senhor Jesus Cristo. O que isto representa para nós? Este momento deve, certamente, servir de motivação e de incentivo à nossa vocação e deve ainda evocar o nosso sentimento de pertença e de eclesialidade. Por mercê de Deus e da Sé Apostólica, o Santo Padre, o Papa Francisco elegeu-me para compor o Colégio Episcopal, conforme ouvimos no ato da leitura da Bula de Nomeação. Recordo as palavras: “Amado filho Edilson Soares Nobre, do Clero da Arquidiocese de Natal, até agora Vigário Geral, eleito Bispo de Oeiras, saudações e Bênção Apostólica. Como legítimo moderador e motivado pela solicitude para com a comunidade eclesial de Oeiras, que tornou-se vacante com a transferência do venerado irmão Juarez Souza da Silva para a Diocese de Parnaíba, apressamo-nos para dar-lhe um novo Bispo. Depois de laboriosa e séria busca, encontramos a ti, amado filho, que exercendo a função de Vigário Geral da Arquidiocese de Natal, demonstrastes possuir bons costumes, prudência, piedade e empenho pela sã doutrina. Por conseguinte, pela nossa autoridade apostólica, depois de ouvir o parecer da Congregação para os Bispos, te nomeamos bispo da diocese de Oeiras, com todas as obrigações determinadas pelo direito”. Meu Deus, isto me desconcerta! Mas estou aqui procurando manter a tranquilidade e a serenidade, atitudes tão necessárias para tamanha missão. As mensagens de congratulações que tenho recebido de muitos irmãos no episcopado, sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados, leigos, familiares e amigos, serviram-me de remédio para manter-me e estado de graça. As primeiras palavras da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Gregis (Pastores do Rebanho) do Sumo Pontífice João Paulo II, foram providenciais para mim. Assim está escrito: “Os Bispos sabem que podem contar com uma graça divina especial no cumprimento de seu ministério” (1). Oh, Senhor, eu te peço insistentemente, que nunca me falte esta graça, para que de cabeça erguida, com total confiança, entrega e determinação, eu persevere até o fim, e com honradez eu possa dizer como São Paulo no término da minha missão: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Tm 4,7). Quero que ressoe eu meus ouvidos, todos os dias, o diálogo de Cristo com Pedro no encontro revelador que se deu após a Ressurreição: “Tu me amas mais do que estes? – Sim, Senhor, tu sabes que te amo. – Apascenta os meus cordeiros” (cf. Jo 21,15). Nesta noite, Senhor, quero renovar o meu compromisso e o meu amor incondicional por Ti. Quero configurar-me à imagem do Bom Pastor para conduzir o Teu rebanho que me está sendo confiado na Diocese de Oeiras no Piauí; cuidar e zelar para que as ovelhas não se dispersem, e sarar as feridas daquelas que acidentalmente se machucam, ou que se tornam vítimas das ameaças dos lobos.

Tendo recebido a plenitude do Sacramento da Ordem, coloco-me diante do Senhor como ministro de Cristo, dispensador dos mistérios de Deus, para garantir a unidade de sua Igreja. Ajudai-me, Senhor, na tarefa de Ensinar, Santificar e Governar o Teu Povo. Invoco para isto a força do Teu Espirito, a proteção de todos os Servos e Servas de Deus que estão nos céus a interceder por nós, e a presença materna de nossa Senhora, invocada por tantos títulos, mas hoje, aqui, a invoco carinhosamente como Nossa Senhora da Vitória, padroeira do Piauí.

O sentimento que me envolve nesta noite é: GRATIDÃO! Sentimento de gratidão!

Obrigado, Senhor, por tantas dádivas generosamente manifestadas em minha vida, sem mérito algum de minha parte; desproporcionalmente, muito mais do que eu mereço.

Minha gratidão eterna a esta querida e amada Arquidiocese de Natal.

Querido Dom Jaime. Quero agradecer-lhe por tudo: pela confiança, pela compreensão, pela paciência, pelo amor paterno, pela boa convivência, pela bondade de Pastor. Deus seja louvado pelo seu ministério e pela sua vida. Aproveito a ocasião para fazer-lhe uma homenagem, pois, dia 30 de março, meus irmãos e irmãs, Dom Jaime estará completando 70 anos de vida. Vida fértil! Vida plenificada do amor de Deus! Vamos antecipar esta festa, nos oportunizando da presença dos irmãos no episcopado e considerando que boa parte do seu rebanho já se encontra aqui reunido, antecipemos a ação de graças a Deus por esta dádiva. Alegremo-nos e exultemos; brindemos, porque a vida é graça! É dom de Deus! Parabéns, Dom Jaime Vieira Rocha, pela dom de sua vida e por tudo que o senhor representa para nós e para este povo da Arquidiocese de Natal e das dioceses de Caicó e Campina Grande (por onde o senhor passou), para o Regional NE2, para a CNBB, para a Igreja. Como dizem popularmente: “O aniversário é seu, a festa é nossa”! Os nossos corações se plenificam de alegria! Parabéns!

Aos irmãos no episcopado: Arcebispos e bispos! Obrigado por suas relevantes presenças que nos confirmam, nos motivam e fortalecem o espírito de colegiado. Me ajudem e me ensinem a ser Bispo, até porque nós não temos no seminário uma disciplina para isto.

Aos irmãos presbíteros e diáconos, com quem convivi mais de perto, foi bom, foi muito bom, estarmos juntos! Obrigado pela fraternidade vivida! Perseverem no bom propósito e continuem colaborando com o seu Bispo na missão. Obrigado aos demais sacerdotes que vieram de outras dioceses (Caicó, Campina Grande, Cajazeiras, Outras do Regional NE2, Oeiras, Roma…

Aos religiosos(as), seminaristas, vocacionados, aos irmãos e irmãs leigos(as) engajados! Seja esta noite oportuna para o fortalecimento vocacional, para favorecer o nosso amor e o nosso zelo pela Igreja, o nosso sentimento de pertença e o nosso compromisso de nunca deixarmos de lançar as sementes na terra, e assim perpetuarmos a construção do Reino de Deus.

Aos ex–paroquianos das paróquias onde exerci o ministério sacerdotal, Obrigado pelo privilégio de termos caminhado juntos. Este Dom Edilson que hoje vocês comtemplam aqui foi sendo formado, preparado, moldado em cada experiência vivida junto a vocês.

Aos amigos do Setor Comunicação! O que dizer? Este Setor era a pupila dos meus olhos. Procurei sempre administrar o meu tempo para estar junto a vocês, com o intuito de garantirmos bons resultados nas metas e estratégias elaboradas e exigidas pela Arquidiocese. Alguns sonhos já em andamento, mas não completamente realizados, eu sei que serão levados adiante pelo Padre Júlio César pela Equipe: 1)Migração da Rádio Rural de AM para FM e a sua autossustentabilidade; 2) O sonho de ver a Pastoral da Comunicação funcionando em todas as Paróquias; Chegamos a 70%; 3) O sonho de ver a Revista A Ordem também chegando a todas as paróquias, às pastorais, às famílias, sendo utilizada como subsídio de formação humana, teológica, pastoral e cristã. Mais do que um sonho, é um projeto que quanto mais conhecido, mais será abraçado por todos: clérigos e leigos. (Edição de março, sendo vendida: 70 anos de dom Jaime e sagração dom Edilson).

Às Ilustres autoridades, já mencionadas, que me honram com suas presenças! Muito obrigado! Não obstante os inúmeros compromissos firmados em suas agendas, os senhores e senhoras fizeram a opção de estarem aqui. Deus lhes ajude para que nunca lhes falte o amor, a paciência, o senso de justiça e de responsabilidade nas atribuições que lhes foram confiados.

À Imprensa (Escrita e Televisionada). Minha gratidão pela cobertura que deram a este evento e por serem sempre solícitos à Arquidiocese naquilo que a assessoria de comunicação lhes propõe como pauta.

Aos meus familiares! Família é tudo na vida! Sou grato pela família que Deus me deu. Meu pai, minha mãe, irmãos, cunhados, tios, sobrinhos, todos. Sou grato a vocês por compreenderem a minha missão. Por entenderem que às vezes preciso me distanciar fisicamente, deixar tudo e partir para terras mais longínquas.

Ao meu futuro rebanho o povo da Diocese de Oeiras! Padres, Religiosos, Religiosas e Leigos! Obrigado por terem percorrido 1.000 quilômetros para estarem aqui comigo nesta noite! Continuem rezando por mim e me aguardem que estou chegando! Só mais uns dias e logo eu estarei participando da vida de vocês! Dia 1º de abril, às 16 horas, estarei adentrando a cidade de Oeiras, a Capital da Fé, para fincar os pés e percorrer os caminhos que deverão ser trilhados pelo novo pastor. (Se alguém deseja estar conosco nesta data, procure Adelmo na Rádio Rural. Ele tem uma proposta para os interessados).

A todos vocês, irmãos e irmãs, que ocupam lugar nesta Igreja Catedral, honrando-me com suas presenças, muito obrigado pela consideração e apreço dispensados.

O meu agradecimento especial:

• Equipe de Organização
• Os benfeitores que doaram todo o enxoval para o Bispo (Bispos, Padres, Paróquias e Amigos – não me faltou nada)
• Funcionários da Arquidiocese
• Paróquia Catedral – Padre Valdir, padre Shirleno, funcionários e agentes pastorais – Logística, Ornamentação…
• Equipe de Liturgia e Cerimonial (Padres e Seminaristas que atuaram)
• Orquestra
• Denise e Edson – Convites
• Café Santa Clara (Roberto Pitombeira) – Livros da cerimônia de hoje

Por fim, meus irmãos e minhas irmãs! É hora da despedida! Despeço-me desta Arquidiocese de Natal, com o sentimento do dever cumprido e agradecido pela riqueza das experiências vividas e pela confiança a mim dispensada por meus bispos: Dom Alair, Dom Heitor, Dom Matias e Dom Jaime, e pelos padres, diáconos e todo o povo de Deus. É chegada a hora! Devo partir! Devo seguir o meu novo destino. Devo percorrer novas terras! Trilhar novos caminhos, como aconteceu com Abraão: “Parte da tua terra, da tua família e da casa de teus pais para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12, 1). Deus pede, eu obedeço. Esta é a minha vocação. Minha Nossa Senhora, Virgem da Apresentação, eu te peço: Não me abandone! Toma-me pela mão e me ajuda a caminhar. Oh, Senhora da Vitória, sede a minha protetora e, nas horas da aflição, a minha consoladora! Amém!

Natal, 20 de março de 2017.

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo de Oeiras-pi

Foto: PASCOM – Arquidiocese de Natal