É NATAL! VAMOS A BELÉM!
Natal mais que um dia, é uma luz que ilumina todos os dias. É um mistério de fé que nos envolve. 25 de dezembro é para nós cristãos a festa no nascimento de Jesus, a festa da luz que vence as trevas. Deus entra na história discretamente. É um fato que nos encanta e ao mesmo tempo nos escandaliza.
Encanta porque para vir ao mundo ele privilegia a via da humildade para que os humildes entendam o quanto Deus os ama. Escandaliza, quando na nossa escuridão nos iludimos com o poder, a grandeza, o domínio. No entanto, a luz de Deus brilha com uma novidade, que nós não podíamos prever.
A primeira grande surpresa, o primeiro raio de luz que faz terrivelmente contraste com a sombra do orgulho humano, do nosso orgulho: Deus nasce pobre! E Deus é pobre, porque Deus é amor! A pobreza é a verdadeira grandeza de Deus. Numa época de consumo, de contas percentuais, é belo escutar a voz da verdade que vem de Deus: “felizes os pobres, porque vosso é o reino de Deus”.
Ouvimos no Santo Evangelho: “E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da coorte. Cantavam louvores a Deus, dizendo: ‘Glória Deus nos mais altos dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados’” (Lc 2,13-14). A paz! É o sonho da humanidade, mas não a realidade em plenitude; é o desejo de todos, mas, vez ou outra nos escapa. Por quê?
Belém nos dá a explicação: somente depois de ter brilhado a luz da humildade, Deus fala de paz. A paz é fruto de uma conversão do coração à humildade e à pobreza. Enquanto o coração dos homens for pleno de orgulho, não teremos a paz. Enquanto a procura da riqueza envenenar a existência dos homens com ilusões de uma felicidade feita de coisas, não teremos a paz.
“Apenas os anjos se distanciaram para retornarem ao céu, os pastores diziam entre eles: Vamos a Belém, vejamos este acontecimento que o Senhor nos fez conhecer”. Vamos a Belém! Há ainda lugar para a esperança? Vale a pena ir a Belém? Respondo-lhes dizendo que sim. E respondo também ao meu próprio coração, que procura uma luz na escuridão do mundo: Sim, vale a pena ir a Belém!
O caminho que os pastores percorreram para chegar a Belém não foi inútil. O caminho que percorremos ao encontro da Luz (Jesus) não é em vão. Hoje tantas pessoas voluntariamente se consagram para salvar os jovens das dependências químicas e de tantas doenças que lhes afligem o coração. O fazem em nome de Cristo, jogando-se no perigo, motivados pelo amor que entrou na história através a gruta de Belém.
Vale a pena ir a Belém, porque enquanto avança a cultura do egoísmo que rejeita e mata as crianças, os idosos e os doentes, há também pessoas que acolhem a vida com alegria bendizendo o céu e sorrindo a cada dom de Deus. São como flores nos jardins da nossa história.
A criança de Belém deu dignidade a cada criança: alguns o entenderam e estes elevam a dignidade do mundo inteiro. Assim podemos dizer: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam na terra tenebrosa uma luz resplende. Multiplica a alegria…”
Tudo nasce em Belém! “Porque uma criança nasceu para nós, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim” (Is 9,5). Vamos a Belém e deixemo-nos iluminar pelo amor de Deus! Não percamos a oportunidade de dirigirmo-nos uns aos outros, independente de cor, raça e situação social e digamos: BOM NATAL!
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras