Mensagem de Dom Edilson Nobre por ocasião do 198° aniversário de adesão do Piauí à Independência do Brasil

Compartilhe:

III Domingo do Tempo Comum e 198° aniversário de adesão do Piauí à Independência do Brasil

 Ao chamado de Deus, é preciso uma resposta!

As leituras de hoje destacam o grande desejo que Deus tem de condividir conosco o bem. De fato, não existe alegria maior do que fazer o bem. Por isso Deus faz de tudo para atrair-nos a esta alegria e usa todos os meios para provar a loucura do egoísmo.

A primeira leitura é uma maravilhosa parábola, colocada no centro da história, com nomes e lugares precisos para recordar-nos que a situação da parábola é tirada da vida e se repete no quotidiano. Deus chama Jonas, um homem, para que este fale em Seu nome. É este o estilo de Deus constantemente. Às vezes, em certas situações falta Deus, porque o homem se nega a o acolher.

Jonas – narra a parábola – vai e contesta a corrupção de Nínive. Jonas decide colaborar com Deus. Ele tem a coragem de falar em nome de Deus, mesmo que seja incômodo. Mas Jonas, infelizmente, depois de ter contestado a maldade de Nínive não estava pronto para a hora da misericórdia. Por isso, diante da conversão de Nínive e do imediato perdão de Deus, Jonas entra em crise e não entende mais a bondade de Deus. Jonas infelizmente torna-se ciumento pela bondade de Deus que perdoa Nínive e ele preferiria um Deus vingativo e intolerante.

Vamos ao Evangelho! Jesus, com o seu comportamento, confirma o estilo que Deus tem constantemente revelado na história de Israel. Jesus chama alguns pescadores da Galileia para que fiquem com ele, para que creiam na sua pessoa, para que falem aos outros. Por que Jesus chamou os apóstolos? Porque é vontade de Deus nos envolver, nos fazer responsáveis, nos fazer gostar da alegria de fazer o bem.

De fato, Deus chama para dar, não para prender. E fazer o bem é receber um grande dom. Deus chama para dar a alegria que só Ele possui e coincide com o Seu Amor.

E por que Jesus escolhe os pescadores? Porque somente quem é pobre ou se faz pobre, despojando-se de si mesmo, tem um coração capaz de acolher Deus. A bondade onipotente de Deus não encontra espaço no coração arrogante. Por isso Deus chama os pequenos, os simples e os humildes.

Todos nós somos chamados. Todos nós temos uma vocação. Também a nossa vocação é necessária para o crescimento do Reino de Deus. Reino este que vai sendo construído já no presente, à medida que a história vai se desenhando. Todos nós somos protagonistas da história e temos contas a pagar, caso essa história se desdobre em tragédia, em violência, em corrupção, em vidas ceifadas por causa de negligências e indiferenças.

Nesta Missa estamos fazendo a memória da adesão do Piauí à Independência do Brasil. Um fato que se deu há 198 anos como sinal de esperança em ver um país mais desenvolvido e independente. Sem sombra de dúvidas, o país evoluiu, se desenvolveu e se modernizou. Estruturalmente, é perceptível que houve consideráveis avanços, não obstante os incontáveis atos de corrupção que saqueiam os bens públicos e sugam o sangue dos mais pobres deste imenso Brasil. Humanamente e socialmente, tenho a impressão que estamos regredindo. As políticas públicas que ajudam na superação do desnível social são cada vez menores e os comportamentos de alguns líderes, assim como de seus seguidores em nada ajudam para superar os graves problemas que comprometem a vida e a dignidade do nosso povo.

Tomo como exemplo o modo como lidamos com o controle desta pandemia da Covid-19. A sensação que eu tenho é que para alguns cidadãos parece que quanto mais mortes, melhor. E que os que têm o poder de decisão não têm pressa para solucionar o problema. Somam-se a isto, o desserviço das falsas notícias que se proliferam, a desinformação e a ignorância de muitas pessoas que no mundo pós-moderno ainda se perguntam se devem ou não tomar uma vacina.

A vacina chegou, graças a Deus, mas não ainda para todos. Nós já pensamos o risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes? A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano de 2021 nos adverte: “Quem nos contará a expectativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América-Latina e África? As diferenças sociais e econômicas a nível planetário, correm o risco de marcar a ordem da distribuição das vacinas anti-Covid com os pobres sempre em último lugar; e o direito à saúde para todos, afirmado em linha de princípio, acaba esvaziado na sua valência real”. Fiquemos atentos a isto.

Seja este dia, que marca a adesão do Piauí à Independência do Brasil, um momento oportuno para renovar nossa fé e nossa esperança em Deus que nos fortalece e que todos nós nos sintamos protagonistas desta história que a cada dia, cada hora e cada instante, vai sendo construída.

Vivamos o chamado de Deus. É esta a interpelação que nasce do Evangelho deste domingo e do sopro de divino que nos faz despertar para as vicissitudes do presente. Deus nos abençoe, nos ilumine e nos guarde de todo mal.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

Posts Relacionados

AMIGOS DO
SEMINÁRIO

ESCOLA
MISSIONÁRIA
DISCÍPULOS DE
EMAÚS - EMIDE

Facebook

Instagram

Últimos Posts