Liturgia Dominical:”A Igreja santa e pecadora”

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Segundo domingo da Páscoa

A Igreja santa e pecadora

“A tarde desse mesmo dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: A paz esteja convosco!” (Jo 20,19). A paz é o dom pascal de Cristo. Todos querem a paz, falamos de paz, mas, ao mesmo tempo, nós sofremos a falta de paz. A paz verdadeira, de fato vem de Deus, porque só Deus pode preencher de paz o coração humano. E esta, quando vem de Deus não se pode perder, porque Deus é fiel.

Jesus acrescenta: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (v. 20). É o ato de fundação da Igreja, o gesto mais corajoso da história, o empenho que só Deus podia pensar e querer. A Igreja não nasceu da pretensão de querer representar Deus, mas da coragem de Deus que não tem medo da nossa fraqueza e do nosso pecado. Estas palavras de Jesus acompanham toda a história da Igreja e são o sustento da sua missão, a justificação do seu serviço. Somos a Igreja de Pedro e de Judas e, ao mesmo tempo, de Maria e de João; somos a Igreja na qual crescem juntos o trigo e o joio. No entanto, a esta Igreja Jesus confiou o Evangelho da paz, a missão de salvar e redimir.

Jesus bem avaliou as nossas fraquezas e calculou o peso dramático das nossas misérias, nos revela o Evangelho de hoje. De fato, o primeiro poder dado à Igreja de Cristo, a primeira missão recebida de Cristo Ressuscitado é exatamente aquele de perdoar. Disse Jesus: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos” (vv. 22.23). A Igreja não tem a pretensão de ser impecável. Essa, ao início de cada Eucaristia, se bate no peito reconhecendo a fragilidade dos seus filhos e invoca a graça do perdão de Deus.

A Igreja é consciente dos seus pecados, porém também tem a certeza de poder sempre vencê-los. Ela é o lugar onde se celebra a misericórdia de Deus no sacramento da reconciliação. O verdadeiro cristão sabe que ser Igreja significa deixar-se perdoar por Deus através da Igreja, continuamente! O verdadeiro cristão não se desencoraja pelos próprios pecados, nem igualmente se escandaliza pelos pecados dos outros. Ele sabe que deve sempre pedir perdão, mas deve tanbém perdoar sem condenar e sem julgar os outros. Se vivemos assim, nós seremos um sinal de Cristo ressuscitado e o mundo crerá em Jesus Filho de Deus. A Igreja nem sempre pode oferecer o sinal da santidade, mas sempre oferece o sinal do perdão: o perdão é um raio de Luz, que manifesta a presença e o poder de Jesus Ressuscitado.

Jesus nos convida a entrar na sua Páscoa, a jogar fora o velho vicio do pecado e a viver a misericórdia, porque a misericórdia é a novidade que vem de Deus e retira a pedra pesada do pecado e do orgulho humano. Santa Teresa de Lisieur exclamou: “Senti o amor de Deus entrar no meu coração, com o desejo de esquecer a mim mesma pra pensar nos outros. A partir daquele momento eu fui feliz”. Possamos também nós fazer esta experiência.

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

 

 

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