Domingo de Pentecostes
Recebei o Espírito Santo!
Imaginemos os Apóstolos naquele dia da Ascensão de Jesus. Ele desapareceu dos seus olhos e disse: “ide, pregai o meu Evangelho, batizai… (Mt 28,19). Palavras decisivas e comando preciso. Mas aqueles pobres homens devem ter pensado: “E onde vamos? Quem acreditará em nossas palavras?” Certamente, eles devem ter recordado estas palavras de Jesus: “Não vos deixarei órfãos. Vos mandarei um Consolador que permanecerá convosco para sempre…” (Jo 14,18). Pensado nesta promessa, os Apóstolos se fecharam no cenáculo à espera da realização da promessa.
Tiveram medo. Medo, porque já tinham experimentado os próprios limites. De fato recordavam de ter fugido do Horto das Oliveiras e de ter deixado Jesus só. Medo, porque recordavam que um deles o havia traído…, e o primeiro deles, Pedro, havia renegado o mestre por três vezes. Tinham medo! Por isso oravam no cenáculo.
Finalmente, tornaram-se humildes, começaram a crer verdadeiramente que sem Jesus e sem o seu Espírito, não podiam fazer nada.
Vem o Pentecostes! Improvisamente receberam o dom do Espírito de Jesus e ficaram plenos de consolação, tornaram-se corajosos, se sentiram destemidos para o anúncio da Verdade.
Pedro, que um dia tremeu diante da pergunta de uma serva, agora fala publicamente na praça em Jerusalém e grita a sua fé: “Jesus, que vós o crucificaste, ressuscitou!” (At 2,23). Inicia a época do martírio, a época do “sangue” doado pela fé.
Mas, Pentecostes é um fato do passado ou é ainda possível? Um raciocínio simplíssimo: se a Igreja de Jesus deve levar a Boa Nova a todos os povos e em todos os tempos, evidentemente a promessa de Jesus permanece válida em todas as épocas.
Disse Jesus a seus Apóstolos: “Como o Pai me enviou, assim eu vos envio” (Jo 20,21). As palavras de Jesus valem todos os dias, em qualquer uma das situações em que vivermos.
Somente o Espírito pode dar-nos a luz para entendermos a entrega de Cristo e pode fazer-nos sentir a alegria de viver para Ele.
Jesus diz também: “recebam o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem não lhes perdoardes, não serão perdoados”. (Jo 20,22-23).
Jesus não quer dizer que a sua Igreja há o poder quase caprichoso de perdoar quando e como quer. Também a Igreja está sob o juízo da Palavra e ela (a Igreja) sabe bem disso. Ele recorda contemporaneamente que a sua Igreja é feita de pecadores em contínua conversão.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras