XXI Domingo do Tempo Comum
O que é a Igreja? O Evangelho de hoje nos permite aprofundarmos o significado da Igreja, que Jesus chama “a minha Igreja” e que para nós é “a nossa Igreja”. Recordamos que nos confrontos da Igreja não devemos nunca nos sentirmos “expectadores distantes”, mas sempre “filhos envolvidos”. Dito isto, perguntemos-nos: o que é a Igreja? A resposta nos vem do Evangelho. A Igreja é uma comunidade que tomou uma posição precisa nos confrontos com Jesus, com uma decisão que a empenha e a julga ao mesmo tempo.
Qual é esta posição? É a posição de Pedro, que, solicitado por uma direta pergunta de Jesus responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Esta é a fé da Igreja, a fé que faz a Igreja. Jesus responde a Pedro com palavras que o deixam suspenso: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram isto, mas o meu Pai que está nos céus” (Mt 16,17).
Para conhecer Jesus não bastam a carne e o sangue, ou seja, não bastam a inteligência, a cultura, o estudo, a preparação, ocorre uma luz que vem do Alto. Esta luz se chama fé e assemelha-se a um raio luminoso que consegue entrar somente na pessoa humilde, a pessoa na qual não existe o muro do orgulho.
Mas Jesus acrescenta algumas palavras extraordinárias dirigidas diretamente ao apóstolo Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. O significado é claro: “Tu és Pedro”, ou seja, aquele homem frágil que estava afundando nas águas do lago, mas, do qual foi mudado o nome para indicar uma precisa missão. Eis a missão: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Jesus decide construir a sua Igreja apoiada sobre Pedro. É, portanto, uma decisão de Deus.
Pedro é a pedra. Jesus escolhe Pedro e o constitui fundamento visível da sua Igreja. Quem pode colocar em discussão a decisão de Jesus? Quem pode ter a arrogância de dizer-lhe: “que coisa estás fazendo?”. As decisões de Deus, de fato, são acolhidas simplesmente, humildemente, alegremente: é a única resposta inteligente diante de uma clara vontade de Deus.
Todavia, no curso da história, alguns têm tentado minimizar a afirmação de Jesus, sustentando que Ele entendia falar de si mesmo quando falava da pedra fundamental da Igreja. Mas esta interpretação vai contra a evidência do texto. De fato, todo o discurso de Jesus é voltado para Pedro a tal ponto que, logo após, disse: “Eu te darei as chaves do Reino dos céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). A fé nos dá a certeza que sobre esta pedra humanamente frágil, Cristo, com a sua Onipotência, constrói a sua Igreja, a nossa Igreja.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras