Terceiro domingo da Páscoa
O testemunho do cristão deve ser convincente
Da manjedoura, à cruz, ao sepulcro vazio, Deus revela um modo de proceder inexplicável aos que carregam no coração a marca do orgulho. Deus se manifesta humilde e paciente. Ele não ama o espetáculo, nem procura a plateia para exibir-se. Deus se preocupa em criar os fatos e os coloca dentro da história do mundo como sementes que produzirão frutos. A ressurreição de Cristo é “o fato” por excelência realizado por Deus, o fato em torno do qual gira a história.
No evangelho deste domingo Jesus aparece aos Onze Apóstolos e afirma: “Assim está escrito: o Cristo deverá morrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e em seu nome pregarão a todas as gentes a conversão e o perdão dos pecados. Disto vós sereis minhas testemunhas” (Lc 24,46-48). Vós sereis testemunhas! Mas o que é o testemunho? É fazer ver com a própria vida um mistério invisível aos olhos de quem não crer. Esta é a nossa missão e este é o nosso tormento.
Como podemos ser testemunhas da ressurreição de Cristo? As duas leituras que antecedem o Evangelho indicam o caminho. São Pedro e São João falam de arrependimento dos pecados e da mudança de vida. O que tem a ver tudo isto com a ressurreição de Cristo?
Pensemos bem: para saborear a esperança, é necessário ter sentido alguma vez o desespero; para apreciar a água, é preciso ter sede; para entender o valor da saúde, é preciso adoecer… Assim, para entender a Ressurreição de Cristo, faz-se necessário ter sentido o odor da morte dentro de nós.
Dostoiévski em um diálogo sobre o último juízo, coloca na boca de Cristo estas palavras sublimes: “Os últimos serão os primeiros no Reino de Deus, porque nenhum deles nunca se sentiu digno deste dom”.
A humildade é a nossa verdade. É na verdade que se encontra Deus e o grande dom de Deus que é o Cristo Ressuscitado. A humildade é, portanto, o nosso primeiro apostolado e o nosso primeiro testemunho, porque nos permite permanecer pequenos e, consequentemente, não esconder Cristo com o nosso orgulho.
A humildade cria fraternidade. Os primeiros cristãos encantavam o mundo pelo modo como se comportavam; pela experiência de partilha e de fraternidade vivida, de modo que entre eles não haviam necessitados. Que belo testemunho do Ressuscitado! E nós? Como estamos testemunhando o Cristo que venceu a morte? Somos dignos de fé? Somos convincentes?
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras