Sétimo Domingo do Tempo Comum
O amor vence o Ódio
A Violência nasce do ódio e o Ódio é o sinal distintivo de satanás. Por isso a escolha da violência é como a escolha de uma religião negativa: muitos, de fato, creem na violência, como nós cremos em Deus. Muitos confiam na violência, como nós confiamos em Deus. Isto é assustador, mas é pura verdade! É bem verdade que muitos destes terminam queimados no próprio fogo que acendem.
Como sair desse espiral infernal? É necessário que alguém quebre a corrente; é necessário que ame primeiro e aceite ser vítima sem ser assassino. Assim é Deus! Deus, de fato, nos ama até tornar-se vítima: é esta a notícia que está no centro do Evangelho; um Evangelho que se tornou Pessoa: Jesus Crucificado! Do próprio agir de Deus surge o mandamento do Amor: eis porque é o primeiro e o maior mandamento!
Nós cristãos, à medida que nos deixamos transformar pela novidade apresentada por Jesus, somos chamados a semear o amor de Deus em todas as situações de violência. Jesus nos disse: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam” (Lc 6,27).
O verdadeiro cristão pode ser odiado, mas ele não deve odiar. O momento da máxima vida cristã não é, portanto, o momento em que tudo vai bem e todos nos respeitam. Quando tudo parece tranquilo não é possível ver o que passa no coração de uma pessoa. O momento auge da vida cristã é o momento em que o ódio de alguém nos alcança, nos ofende, nos faz sofrer: este é o momento em que se manifesta claramente o que há no coração e assim saberemos de que lado estamos.
Se somos discípulos de Jesus Cristo, nós devemos responder ao ódio com o amor e com o amor devemos quebrar essa corrente do mal. Evidentemente, se não somos capazes desta caridade, ainda não somos suficientemente cristãos; não acolhemos Cristo; somos ainda pagãos no coração. Seguramente, a história estaria sendo escrita de um modo diferente se todos os cristãos estivessem respondendo ao ódio com o amor.
Jesus, no Evangelho, indica algumas particulares aplicações da caridade, para fazer-nos entender quanto é amplo o horizonte da bondade. Diz o Senhor: “Bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica” (Lc 6,28-29).
Evidentemente estas lições não devem ser entendidas ao pé da letra. O próprio Jesus quando recebeu um tapa na cara do soldado não ofereceu materialmente a outra face. No entanto, não renegou este ensinamento. Na verdade, a sua afirmação é para destacar o espírito com que necessita reagir a quem nos faz o mal.
Jesus, com insistência, ajuda-nos a entender que se falta-nos a capacidade de amar quem nos ofende, nós ainda não nascemos para Deus. Quem tem Deus no coração, vive como Deus: perdoando! “Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim” (Lc 6,32-33).
Para concluir, sem fechar o assunto, eis as palavras chaves de todo o ensinamento de Jesus: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus…” (Lc 6,35-36). Jesus perdoa, porque o Pai perdoa; Jesus busca os pecadores, porque o Pai busca os pecadores; Jesus é misericordioso, porque o Pai é misericordioso; Jesus é benevolente com os ingratos, porque o Pai é assim. E o cristão? Deve configurar-se à pessoa de Cristo e tornar-se filho do Altíssimo por meio da misericórdia. Busquemos a cura para os nossos corações doentes e chagados e arranquemos deles o ódio e as cicatrizes de tantos rancores.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras