XXII Domingo do Tempo Comum
Não nos tornamos bons simplesmente tocando os santos
No Evangelho de hoje Jesus afronta o problema gravíssimo da corrupção da religião. Um grupo de pessoas se dá conta que os apóstolos pegam o alimento sem lavar as mãos. De fato, a tradição judaica ordenava lavar as mãos antes de pegar o alimento. Jesus defende os apóstolos e desmascara um modo hipócrita de viver a religião. Ele diz: “Não há nada fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo” (Mc7,5). Ou seja, não é tocando um alimento impuro, que me torno mal. De fato, ninguém pode me transmitir a sua maldade, se eu não a quero. Igualmente não me torno bom tocando os santos, os altares ou as imagens sacras. A santidade torna-se minha somente quando começo a vivê-la.
No pensamento de Jesus a religião não é verdadeira e não salva o homem quando esta é reduzida à exterioridade, quando é reduzida a comportamentos devocionais e externos, sem tocar o coração petrificado e cheio de maldade.
Depois desta advertência à verdade e à coerência na vida religiosa, Jesus afronta o problema do coração da religião, ou seja, do mandamento mais importante aos olhos de Deus: O amor a Deus e o amor ao próximo. São coisas ligadas e interdependentes a ponto de afirmar que quem humilha e ofende o próximo, humilha e ofende a Deus. Somos cristãos, de fato, somente quando o amor a Deus nos leva a amar mais o próximo. Sem o amor ao próximo, o amor a Deus é uma grande mentira e uma pura ilusão. Por isso Jesus conclui o seu ensinamento com um convite à conversão do coração. Ele diz: “Do coração dos homens saem as iniciativas más. Portanto não penseis que o mal está fora de vós. O mal está dentro de vós e depende de vós; assim como o bem está dentro de vós e depende de vós”. É um convite a não viver de subterfúgios e de desculpas que nada justificam aos olhos de Deus.
Eis alguns pecados que nascem do nosso coração e que contaminam a vida. A prostituição: O que é? É a redução do homem e da mulher só ao corpo e, portanto, a redução da vida só a paixão pelo corpo. O furto: Não é somente a apropriação de algo que não nos pertence, mas furto é também a desonestidade no trabalho, a falta de justiça, o engano para evitar dar o que se deve dar. O homicídio: É a ofensa máxima à vida do próximo, mas o homicídio é preparado quando começa o desprezo pela vida. O adultério: É a traição da própria família. Hoje o adultério é favorecido por um clima de leviandade, de exibicionismo e de exposição exagerada do próprio corpo. O adultério mata por dentro um projeto santo e querido por Deus: a família.
Acolhamos o convite do Senhor de mudar o nosso coração, de colocar em primeiro lugar o mandamento da Caridade, de viver uma religião de boas obras e não somente de palavras belas.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras