Liturgia Dominical: “Não é fácil crer, mas é belo”

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Segundo Domingo da Páscoa

Não é fácil crer, mas é belo

A ressurreição de Jesus e a espera da nossa ressurreição são o anúncio dos primeiros cristãos. Mas não foi fácil – nem mesmo para os primeiros cristãos – crer na ressurreição. O Evangelho de hoje demonstra isto. Os Apóstolos no dia de Páscoa estavam fechados no Cenáculo e tinham muito medo pelo que havia acontecido com Jesus. No entanto Jesus já havia ressuscitado; a notícia já havia chegado; mas para os apóstolos ainda não era Páscoa.

Observemos como Jesus se revela aos apóstolos: Ele se revela enquanto saúda com a paz; a sua paz. Existem muitas espécies de paz: a paz fingida (muitas vezes exposta nas redes sociais), a paz da satisfação da carne, a paz ligada à estima do próximo. Todas estas formas de paz são frágeis e precárias. Se a nossa paz depende dos outros, os outros podem tomá-la de volta. Se a nossa paz depende de Deus, esta permanece sempre porque Deus é fiel. Isto explica a paz dos santos, dos mártires, dos verdadeiros crentes. Gente provada como nós. Gente marcada pela cruz e pela doença como nós. Gente exposta aos golpes da maldade dos outros como nós… No entanto os santos são pessoas que não perdem a paz. Por quê? Porque a paz para estes é Deus.

No dia de Páscoa Jesus indica também o caminho da paz do coração. Dá aos apóstolos uma ordem e um poder: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados” (Jo 20,23).

A Igreja não é a comunidade dos perfeitos que nunca pecam. Ai dela se assim pensar. A Igreja é consciente da fraqueza dos seus filhos. Mas foi exatamente a esta Igreja formada por gente pobre e limitada que Jesus dirigiu estas palavras: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).

No Cenáculo havia o posto vazio de Judas. Pedro ainda estava com os olhos úmidos das lágrimas derramadas depois da traição, mas Deus não teve medo da pobreza dos homens, porque ele veio para redimi-la. A Igreja é a comunidade dos pecadores que continuamente se arrependem, continuamente se convertem e continuamente se perdoam. Mas para estar disponível a pedir perdão e dar perdão é necessária tanta humildade. A humildade é a via da paz.

Tomé certamente não brilhava pela humildade. Ele não acreditou nas palavras dos apóstolos. A sua desconfiança tinha certamente uma raiz de presunção e talvez também certo inconformismo por ter perdido um encontro com o Senhor. Jesus vai ao seu encontro e lhe apresenta o sinal dos cravos. Belo gesto que coloca em crise o orgulho do apóstolo. Bastam-lhe poucas palavras e ele já se ajoelha para proferir a sua fé na Ressurreição: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28).

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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