Décimo Terceiro Domingo Tempo Comum
Humildade e pobreza: valores que fazem a diferença
O Evangelho deste domingo aprofunda a resposta que um dia Jesus deu a Pedro: Crer em Cristo significa segui-lo e seguir Cristo significa preferir as suas escolhas. Quais?
A primeira escolha é a humildade, que não é fraqueza, mas o modo mais verdadeiro e mais justo de ser forte. Olhemos para Jesus. Ele vai da Galileia para a Judéia. É a viagem síntese de toda a sua vida. Nesta viagem ele deve atravessar a Samaria, mas os samaritanos a séculos vivem em atritos com os judeus e, portanto, normalmente não acolhem um judeu. Fecham-lhe as portas, refugam qualquer tipo de diálogo. Um comportamento veramente mesquinho! E quantas vezes a mesquinhez humana perde as grandes ocasiões de Deus. Como reagem os apóstolos? “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? Seria o mais fácil, o mais cômodo, segundo o nosso modo de reagir, mas seria contra Deus que é amor e respeito infinito. A resposta de Jesus é eficiente: simplesmente os repreende. Não sabemos que palavras foram dirigidas, mas certamente ele deve ter recordado o que disse no monte das bem aventuranças: “Felizes são os humildes… Felizes são os pacíficos… Felizes são os perseguidos”. É necessária uma grande fé para entender esta lógica: é um modo de ver as coisas completamente diferente do nosso.
A segunda grande escolha de Cristo é a pobreza. Alguém lhe disse: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus responde: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58). Estas palavras só podem ser compreendidas à luz da fé. Só quem crer pode entender o sentido destas palavras.
Narra ainda o Evangelho que Jesus disse a alguém: “Segue-me”. O outro responde: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus disse: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus” (Lc 9,60). Evidentemente Jesus não proíbe a expressão da devoção de sepultar os mortos, mas em forma paradoxal, recorda que a família não deve absolver-nos ao ponto de tornar-se obstáculo para amar Deus. É Deus a razão da nossa vida e a família será sempre um meio para responder a Deus. Jesus não renega o valor da família, mas convida a viver a família com uma orientação nova. Vale a pena recordar que jamais teríamos conhecido um homem chamado São Francisco de Assis se este não tivesse tido a coragem de romper com os conceitos banais de um modo de ser família, para reapropriar-se da liberdade de amar Deus sobre todas as coisas.
Enfim, Jesus reclama uma decisão corajosa: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o reino de Deus” (Lc 9,62). Determinação é, portanto, a palavra chave, para quem de fato quer seguir Jesus. Não podemos ficar na indecisão.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras