Quarto domingo da Páscoa
Entre as multidões e os mercenários emerge o Pastor
Hoje, Jornada Mundial de Oração Pelas Vocações, domingo do Bom Pastor,
uma lâmpada brilha diante dos nossos olhos: é a lâmpada do sim de Maria; um sim que
nos atrai e docemente reprova o nosso não; um sim que nos encoraja e decisamente nos
indica onde está a fonte da alegria, tão mencionada pelo Papa Francisco, que todos
buscamos.
Qual é o sim que preenche e que responde à espera profunda do coração
humano? Maria nos responde sem hesitação: “Eu disse sim a Deus e encontrei a nota
que fez cantar toda a minha vida”. Santo Agostinho acrescenta: “É verdade! Porque
Deus nos criou propensos ao infinito e o nosso coração é inquieto enquanto não repousa
em Deus”. Mas nos vem uma pergunta: onde podemos encontrar Deus? Como podemos
dar-lhe o nosso sim? Nós cristãos existimos para cuidar e presentear a todos com esta
bela resposta: Deus se fez próximo! Deus se manteve acessível em Jesus Cristo. E Jesus
é o Bom Pastor que nos procura, nos reúne e nos guia na viagem que vai do egoísmo ao
amor, das trevas à luz, da morte à vida, do coração de pedra ao coração que bate com o
rítimo do coração de Deus.
Eis o fato que nos encanta mais aínda: Jesus não quer agir sozinho. Ele quer que
cada um torne visível o seu rosto, a sua voz, as suas mãos, os seus pés incansáveis, o
seu coração que queima de amor. Assim, Jesus chamou alguns homens, para que fossem
pastores com Ele. A Simão, enquanto trabalhava naquilo que era seu costume, à
margem do lago Jesus diz: “De hoje em diante serás pescador de homens”. A Mateus,
que com as mãos protegia o dinheiro depositado sobre a mesa, Jesus ordena: “Vem e
segue-me”. A Tiago e João, que consertavam as redes sob o olhar do pai, Jesus abre um
outro horizonte e diz: “Segue-me”. É a história dos primeiros sacerdotes. Cada
sacerdote na Igreja hoje deve, de fato, fazer ressoar a fascinante voz de Jesus que
chama. Como podemos sentir a sua voz? Jesus mesmo revela o segredo quando diz: “Eu
sou o bom pastor e dou a vida por minhas ovelhas!”.
Mas o pastor deve fazer caminhar o seu rebanho. Deve guiá-lo na viagem em
direção à terra da pura liberdade, do puro amor, da pura alegria, que é Deus.
O Bom Pastor conhece cada uma de suas ovelhas, tem uma relação pessoal e
íntima com cada uma delas, uma relação de profundo amor. É este amor que o leva a
doar a própria vida e não fugir diante das dificuldades e das ameaças. Jesus doa a sua
vida para que as ovelhas tenham vida e vida em abundância.
Pedro, encorajado pelo Espirito Santo, testemunha que Jesus é a Pedra que os
contrutores rejeitaram e que se tornou a Pedra angular. Ele é a fonte da qual emana a
salvação. Jesus ressuscitado é o único Pastor que conduz o rebanho às verdes pastagens
e às águas tranquilas. Somente nele podemos encontrar a vida plena.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras