XXVII Domingo do Tempo Comum
Deus defende a família
A liturgia de hoje trata da indissolubilidade do matrimônio. A primeira leitura apresenta o projeto de Deus sobre a família. “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn2,24). Deus pensou a família para que fosse una, indissolúvel e aberta à vida. Cada vez que o homem se distancia deste projeto de Deus, ele multiplica o stress, sofrimentos, desequilíbrios e amarguras: porque as leis de Deus, se violadas, nos trazem sempre graves conseqüências.
O Evangelho apresenta uma situação de família que não está conforme o projeto de Deus: entrou no pecado e envenenou a estupenda obra do Senhor. O homem e a mulher endureceram o coração e se desviaram do projeto de Deus. O egoísmo tornou-se lei suprema e o capricho tornou-se absurdamente um direito. Tendo presente esta situação, alguns propõem a Jesus a pergunta: “É lícito ao homem divorciar-se de sua mulher?”. Jesus responde sem hesitação: “Não! Jamais!”. A família é uma unidade querida por Deus.
A segunda resposta de Jesus foi ainda mais clara: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra cometerá adultério. E se a mulher se divorciar de seu marido e casar-se com outro, cometerá adultério” (Mc 10,11). Jesus defende até o fim a unidade da família. Sobre o conteúdo de sua vontade não existem dúvidas. Bem sabemos que para manter a unidade de um matrimônio exige tantas provas e sacrifícios; exige oferta de si, empenho e serviço. A norma de Jesus é compreensível somente para quem coloca sua vida dentro do plano da fé.
Alguns poderão dizer: mas se a família está ameaçada, embaraçada, por que não legitimar o divórcio? Parece um raciocínio lógico, mas por trás esconde uma monstruosa fragilidade. Se fossemos usar este raciocínio poderíamos assim legitimar qualquer outra coisa. Vejamos alguns exemplos:
Desde que o mundo é mundo, sempre tem existido guerras: significa dizer que são inevitáveis. Então porque não declaramos legitimas as guerras? O ódio sempre existiu no mundo. Por que não concedemos o direito de odiar? O furto, a prostituição, o homicídio sempre existiram. Se são fatos comuns, por que não criamos uma lei que aprove tais atos? Cristo não raciocina assim. Ele sabe que a família é frágil, enfrenta problemas, caminha com o pecado, mas nada disso justifica a legitimação do divórcio, pois isto fere a vocação primeira do matrimônio.
A palavra de Jesus é esta: reconstruir, retornar à origem, recomeçar com humildade e paciência.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras