Liturgia Dominical: “Deus ama: Deixar-se amar depende de nós”

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Quarto Domingo da Quaresma

Deus ama: Deixar-se amar depende de nós

A primeira leitura de hoje é uma meditação sobre a história de Israel. O autor tem diante de si a ruína de um povo, o fim de uma época, a destruição da cidade santa, a deportação e o exílio. Uma verdadeira catástrofe! Por que acontece tudo isto? Comumente nós somos levados a descarregar sobre Deus a culpa de todos os eventos ou sobre qualquer fatalidade ou destino. É cômodo tudo isto porque nos dispensa de toda responsabilidade.

Mas a Bíblia, meditando a história de Israel, faz uma descoberta incômoda e tem a coragem de afirmar: a destuição de Israel depende do seu pecado. É esta a mensagem da primeira leitura, que se traduz em tantíssimas provocações também para nós hoje.

Podemos nos distanciar de Deus, mas saibamos que cada distanciamento de Deus implica em um falimento na vida. Se o mundo vai mal, não digamos que o mal foi colocado sobre nossas costas, mas que nós permitimos que o mal pudesse avançar sobre o mundo. Se as guerras e as violências se difundem não digamos que dependem da natureza, mas sim do ódio quotidiano familiar e pessoal, do qual todos somos responsáveis. A paz, de fato, inicia na casa e, portanto, também a guerra inicia na casa.

Com isto não estamos afirmando que Deus seja indiferente à nossa realidade e à nossa vida. Não! Responde a nossa fé! É a fé que nos faz Igreja e nos distingue das demais pessoas que não têm fé. Nós temos uma história fascinante para narrar; nós temos uma notícia que há séculos conforta os mártires, consola os doentes, faz brilhar os olhos dos moribundos, traz a paz ao coração dos que crêem.

É a notícia que Cristo é Filho de Deus e veio participar da nossa “louca” história para salvar-nos. O Evangelho de hoje apresenta Cristo diante de Nicodemos. Nicodemos é um homem que sente o problema da vida e sente o fascínio por Cristo, mas não quer ser descoberto: ele procura Cristo discretamente, como faz tanta gente ainda hoje. Nicodemos é o homem que se dá conta de ser um homem e não “Deus”: é o homem que procura, mesmo que tenha medo que se tornem públicas suas ânsias.

E Cristo responde a Nicodemos com a paciência divina, e na noite do medo, lhe revela o seu mistério: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho”! (Jo 3,16). É uma notícia que revira tudo e reveste de luz o mistério de Deus.

Acrescenta Jesus: “Deus não enviou o seu Filho para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio dele” (Jo 3,17). Isto é uma consequência da bondade de Deus. Deus não condena ninguém, Deus não se cansa de ninguém. Portanto, é o homem que se condena, é o homem que foge do amor de Deus, é o homem que peca ao voltar as costas para Deus.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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