Liturgia Dominical: “Dai a Deus o que é de Deus!”

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XXIX Domingo do Tempo Comum

 

O evangelista Mateus narra que, um dia, um grupo de fariseus e um grupo de herodianos se juntaram contra Jesus para “tramar como apanhá-lo por alguma palavra”. Como nos causa náusea esta particularidade! Sempre para fazer o mal algumas pessoas são dispostas a fazer qualquer tipo de aliança.

Os fariseus e os herodianos dizem a Jesus: “Sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. Não te deixas influenciar por ninguém, pois não consideras a aparência das pessoas” (Mt 22,16).  É um significativo reconhecimento da liberdade interior, da retidão e da coerência de Jesus. Eles são obrigados a fazer este reconhecimento, mas não são sinceros. Eles dizem a verdade, mas a dizem sem amor.

Os fariseus e os herodianos têm uma precisa pergunta a fazer a Jesus: “Dize-nos o que pensas: é lícito, ou não, pagar imposto a César?” (Mt 22,17). Para entender o sentido da pergunta é preciso recordar que, no tempo de Jesus, tudo era dominado pelo império romano que tinha César como imperador. E, na época, todos (velhos e crianças) eram obrigados a pagar imposto. Este fato era suficiente para causar ressentimento e rebelião. A pergunta feita a Jesus, portanto, não era simples. Era uma pergunta capaz de embaraçar qualquer um. Observemos como Jesus desmascara a hipocrisia. Primeiro de tudo vale lembrar que aos fariseus não interessava saber a verdade. As suas perguntas eram só uma armadilha para fazê-lo cair no desfavor do povo ou para ser condenado pelas autoridades romanas.

Mas Jesus, penetrando serenamente dentro da situação, responde: “Dai a César o que é de César”. Ou seja: sejam leais com o Estado! Se recebeis serviços do Estado, deveis também ser honestos com o Estado contribuindo para usufruir dos seus serviços. Como é atual esta lição de honestidade social! Não se rouba somente das pessoas: pode-se também roubar do Estado. Podemos identificar três maneiras concretas em que se pode estar roubando do Estado: 1) desviando os recursos públicos; 2) deixando de pagar os impostos; 3) destruindo os bens que foram adquiridos com recursos públicos (praças, escolas, transportes). Quanto atraso existe em nosso país e no mundo por estes motivos!

“Dai a Deus o que é de Deus”. Jesus quer chegar a esta conclusão, que é importantíssima e decisiva: quando Deus está veramente no centro da vida dos homens, se iluminam também os deveres sociais e tudo vem visto na justa proporção e na sua autêntica finalidade. Tantas vezes, ao longo da história, algumas pessoas pretendem colocar Deus à margem da vida para dar mais atenção ao homem e para gastar todas as energias na construção da vida terrena. Quais são as consequências disto? Um autêntico inferno, porque Deus é a fonte dos direitos e a razão dos deveres.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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