Liturgia Dominical: “Cristo, o caminho da felicidade”

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Sexto Domingo do Tempo Comum

Cristo, o caminho da felicidade

O Evangelho de hoje (Lc 5, 17.20-26) apresenta o discurso da montanha: é a novidade de Cristo, a sua revolução espiritual. É o ponto de vista de Deus que Cristo nos faz conhecer. Jesus fala, e começa assim: “Bem-aventurados vós… A primeira palavra é uma garantia: Jesus veio para dar-nos a felicidade. Evangelho significa Boa Notícia. Portanto, a tristeza, a melancolia, o medo, o pessimismo são contra o Evangelho. A serenidade, a paz do coração são irrenunciáveis para um verdadeiro cristão.

Mas qual é o caminho para a felicidade? Escutemos ainda Cristo: “Bem-aventurados os pobres, os famintos, os que choram, os odiados, os insultados, os amaldiçoados!” Seguramente não são a pobreza, a fome, o choro, a perseguição enquanto tal que trazem a felicidade. Por que então bem-aventurados? Bem-aventurados se a pobreza, a fome, o choro e a perseguição nos fazem entender que aqui na terra nada basta ao homem.

Hoje materialmente não falta nada a tantos jovens, no entanto, se afugentam nas drogas, na violência. Afugentam-se porque a vida lhes parece insuportável. Mas por que felizes os pobres, os famintos e os que choram? Felizes se a pobreza, a fome e o choro nos fazem sair da presunção e da ilusão de um paraíso artificial para colocarmo-nos nos braços de Deus. É O orgulho, a presunção e a autossuficiência que impedem a felicidade. Assim Deus não tem outra estrada: “Derrubar dos tronos os poderosos e elevar os humildes; despedir os ricos de mãos vazias e saciar de bens os famintos”. De fato só a experiência da pobreza, do limite, da insuficiência nos faz descobrir a verdadeira solução do problema-vida.

Certamente esta página do Evangelho nos coloca um pouco em crise. É uma página que nos faz entender que é longo o caminho da conversão. Aliás, podemos dizer que a conversão cristã mais que um caminho, é uma direção constante da vida. Na verdade, diante do discurso da montanha, somos tentados a dizer: Senhor é impossível! Vem-nos a dúvida dos apóstolos, depois do anúncio da Eucaristia: Senhor, este discurso é duro! Que garantia nos dás? No entanto, esta página do Evangelho é consolidada na vida dos santos, ou seja, daqueles que entenderam o discurso de Jesus e seguiram à risca a autenticidade do seu Evangelho.

Aqui se torna pertinente recordar o profeta Jeremias que diz na primeira leitura: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; como os cardos no deserto, ele não vê chegar a floração…” (Jr 17,5-6). Também o profeta nos ensina: “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como a árvore plantada junto à águas, que estende as raízes em busca da umidade, por isso não teme a chegada do calor…” (Jr 17,7-8).

É a partir desta ótica que se torna possível compreender a postura de tantos homens e mulheres que diante do sofrimento, da dor e da angústia souberam comportar-se de modo “inacreditável”. Santa Bernadette, uma jovem que mesmo sofrendo em seu leito afirma: “Sou mais feliz com meu crucifixo no leito do que uma rainha em seu trono”. Isto é, de fato, abandono total nas mãos de Deus. Irmãos e irmãs! Na ocasião em que a dor nos vier e não pudermos dela nos livrar, ofereçamo-la a Deus pela expiação dos nossos pecados e pelos pecados da humanidade.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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