XIX Domingo Templo Comum
Cristo é a grande proposta de Deus
“Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará” (Jo 6,27). Domingo passado Jesus nos deixou com estas palavras. Esta afirmação de Jesus é confirmada pelas diversas experiências vividas pelos homens e mulheres de todas as épocas, crentes e não crentes.
Mas como podemos procurar o alimento que dura para a vida eterna? Jesus afirma: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu” (Jo 6,51). Em outra ocasião Jesus dirá: “Antes que Abraão fosse, Eu Sou” (Jo 8,58). E na última ceia, orando, Jesus se exprime assim: “Pai, o mundo não te conhece, mas eu te conheço” (Jo 17,25). A Filipe Ele responde: “Quem me ver, ver o Pai (Jo 14,9).
Nunca algum homem falou assim. Nunca nenhum fundador de religião afirmou de ser o Filho de Deus. Há mais de dois mil anos, as palavras de Jesus escandalizam e fascinam. O sentido das palavras de Jesus é claro. Na verdade, Ele nos afirma: “Eu sou o Filho de Deus, eu sou o Dom que o Pai vos dá, eu sou a resposta aos vossos problemas”. Para quem crer em Cristo, estas palavras vêm para confirmar; para quem não crer, Cristo permanece um enigma e o Evangelho uma luz inexplicável.
Como responderam os Judeus ao anúncio de Cristo? Eles começaram a murmurar. Na Bíblia a murmuração é sinônimo de refugo, é declaração de hostilidade. E Jesus deixa que eles murmurem, deixa que voltem atrás, permite que digam não.
Eis uma característica de Deus, inconfundível e constante. Deus se oferece, mas não constringe; propõe, mas não impõe; bate à porta, mas não a arromba. A fé, portanto, é dom de Deus, mas é também ato de liberdade. Todos são chamados à fé, mas não todos respondem com a fé.
Quem chega à fé? Quem poderá reconhecer Jesus como o Filho de Deus e, portanto, dar um sentido novo à própria vida? Jesus dá uma indicação que merece ser aprofundada. Ele diz: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai… Todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído vem a mim” (Jo 6,44-45).
O que significam estas palavras? Jesus diz que consegue crer nele somente aquele que já vive uma orientação honesta, leal e humilde nos confrontos com Deus. De fato, como a semente precisa de terra para germinar e dar fruto, assim a fé precisa de um coração disponível e orientado ao dom de Deus.
Mas como viver a fé? Jesus diz: “Esta é a vontade do meu Pai: que todo aquele que ver o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,40). Fazer a vontade do Pai… Comungar da vida do Filho… Deixar-se guiar pela ação do Espírito… Se assim fizermos teremos a certeza da vida eterna.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras