Liturgia Dominical: “Cada um de nós é sentinela para o irmão”

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XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Na primeira leitura deste domingo o profeta Ezequiel nos dá um preciso ensinamento: “Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os deve advertir em meu nome” (Ez 33,7). Cada um de nós é sentinela para o irmão. Devemos, então, ter o olhar atento para descobrir a necessidade do próximo; devemos ter um coração hospitaleiro para acolher os seus problemas, devemos ter as mãos prontas para socorrê-lo com amor compassivo.

Quantas vezes nós lamentamos porque Deus não intervém para resolver determinadas situações, mas na verdade não é Deus que está em falta: somos nós que somos indiferentes; sou eu… que não vejo e não sinto compaixão do meu irmão! Amar os irmãos significa assumir até o fim a preocupação com o bem deles. E querer bem significa, às vezes, também a decisão de dizer coisas incômodas, mas necessárias para corrigir o irmão e reportá-lo na via do bem. O que é decisivo é que cada correção nasça do amor. De fato, se a palavra vem do coração, chega ao coração e consegue fazer entender sem ferir.

“Se o teu irmão pecar, vai corrigí-lo a sós contigo” (Mt 18,15). Jesus nos dá o mesmo ensinamento do profeta Ezequiel, delineando uma intervenção para socorrer o irmão que “comete uma culpa”. O primeiro passo é o gesto delicado do colóquio. Um colóquio que deve permanecer secreto, até que o irmão possa perceber claramente que o nosso passo nasce da preocupação de ajudá-lo a retornar para o caminho de Deus. Procuremos entender bem porque Jesus disse: “vai corrigí-lo a sós contigo”. Antes de tudo, pelo respeito que devemos ter para com a dignidade do nosso irmão. Nesta lógica de autêntica compaixão nos confrontos do irmão que “comete uma culpa”, há também outra coisa que precisamos absolutamente evitar: é a divulgação choca e malígna da culpa do irmão.

“Se não te ouvir, porém, toma uma ou duas pessoas” (Mt 18,16). A estratégia proposta por Jesus nasce do amor autêntico. Esta norma de Jesus pode haver muitíssimas aplicações, desde que parta sempre do amor. Compete a cada um de nós, à luz da Palavra do Senhor, inventar cada possibilidade para tirar do pecado aquele irmão que caiu! Jesus acrescenta: “Caso não lhes der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja der ouvidos, trata-o como gentio ou publicano”. (Mt 18,17). Estas palavras parecem severas, mas não é assim. Jesus simplesmente não aceita e não pode aceitar que na sua comunidade as pessoas se acomodem ao pecado. É claro que diante de graves ofensas contra a caridade e contra a verdade, a Igreja deve intervir por meio das pessoas que, para o bem delas, exercitam o indispensável serviço de guia.

A conclusão do Evangelho deste domingo é, de fato, impugnativa. A indiferença não é e não será nunca uma virtude. A preocupação pela salvação eterna deve levar-nos a usar cada estratégia para salvar o irmão que se distanciou da via do Senhor.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

 

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