Liturgia Dominical: “Aprendamos a calar! Aprendamos a escutar!”

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XXIII Domingo do Tempo Comum

Aprendamos a calar! Aprendamos a escutar!

“Dizei às pessoas deprimidas: criai ânimo, não tenhais medo!” (IS 35,4). Estas palavras historicamente foram dirigidas aos exilados de Israel. Deus, através do profeta, garantiu ao seu povo o resgate de sua dignidade. E assim aconteceu! Hoje, a mesma palavra nos é dirigida, para que creiamos que a força e o amor de Deus são maiores que os nossos medos.

Em que podemos aplicar as palavras do profeta? Quais são os nossos medos de hoje? Que desertos estamos atravessando? Hoje o nosso mundo vive no medo de uma violência sempre pronta a explodir. Vivemos em um mundo que agride e que maltrata a vida. Hoje a vida é tratada com desprezo e com banalidade. Para muitos a vida é somente uma veloz estação que passa rapidamente.

Daí, então, a pergunta: onde encontraremos a coragem? O que nos diz a Palavra de Deus para vencer o medo? Isaías nos responde: “Não temais, eis o nosso Deus! Ele vem para salvar-nos”. A coragem do cristão parte do alto e não de baixo. O cristão tem a certeza da fé, que Deus nunca se cansará do homem e nunca abandonará aqueles que n’Ele crêem.

O Evangelho apresenta Deus agindo. Jesus, de fato, com a sua vida revelou o mistério da presença de Deus, que abraça todos os tempos e todos os lugares. Talvez a nós pareça que Deus seja muito lento, muito fraco. Mas Deus não seria Deus se deixasse sugestionar das nossas pressas e dos nossos medos. Ele veio para salvar o nosso medo, mas através da fé. E a fé é abandono nas mãos de um Outro.

Eis, então o Evangelho de hoje. Jesus tem diante de si um surdo mudo e lhe pedem para impor-lhe as mãos. Jesus atende ao pedido, mas pega o surdo mudo e o afasta da multidão. Por quê? Porque ele não quer publicidade em torno do milagre. A publicidade poderia deformar o sentido do milagre. De fato, o que interessa a Jesus? A Jesus interessa suscitar a fé na força e na bondade de Deus. A fé vem do coração. Daí, podemos dizer que o verdadeiro surdo mudo é aquele que não sente a mensagem de Deus e dos seus interlocutores. O verdadeiro surdo mudo é aquele que não sabe falar com o seu Deus e com os seus filhos. Para que serve ouvir, se o ouvido é voltado somente para o barulho do mundo? Para que serve falar se a palavra transmite só passageiras banalidades? Hoje, poucas pessoas sabem escutar; poucas pessoas sabem dar atenção a Deus e ao próximo.

A este propósito é belíssima uma particularidade do Evangelho de hoje. Não vem referida sequer uma palavra dita pelo surdo mudo curado. Provavelmente este homem permaneceu em religiosa escuta do Senhor e preferiu não perder nenhuma palavra daquele que o havia curado. Aprendamos também nós a calar; aprendamos a escutar: depois do silêncio e depois da escuta a palavra será sábia e fará bem.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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