Advento! Novo ano litúrgico! Este é o clima da liturgia, neste final de semana.

O advento marca o tempo da espera-chegada-espera. Do que se trata? Trata-se do Natal. Que Natal? O Natal de Jesus, o Filho de Deus, prometido e enviado ao mundo. Neste sentido, o Advento comunica uma esperança de Natal, baseada na Promessa de Salvação, marcada pela presença e ação de Deus. O Senhor veio, vem e virá. Esse é o movimento da presença e ação de Deus no mundo e sobre tudo e todos os que estão no mundo. O mesmo, único e eterno Deus está presente e age sobre um mundo que está, permanentemente, em mudança. De modo muito particular ele está presente e age sobre as pessoas, salvando-as. Deus não muda! Conforme Tiago, 1,17-18: “qualquer dom precioso e qualquer dádiva perfeita vêm do alto, desce do Pai das luzes, no qual não há fases ou períodos de mudança. Por sua própria iniciativa, ele nos gerou por meio da Palavra da verdade, para que nos tornássemos as primeiras dentre as suas criaturas”

Como se prepara, então, para o Natal? Cuidando para que a própria vida seja o espaço-ambiente da nova manjedoura do Senhor. Quer dizer, investir em mudança de atitude. E, é, exatamente, nesse ponto que o advento nos ajuda, sendo um itinerário para bem celebrarmos este Mistério do Senhor Jesus, vivo e presente.

O itinerário do advento é formado por algumas disposições importantes de mudança. Neste artigo e, nos próximo, vamos explorar cada uma das disposições necessárias.

Comecemos pela disposição de Vigilância!

Em primeiro lugar, porque somos desatentos, em muitas coisas, podemos por em risco a nossa integridade.

O profeta Isaías num dos trechos de seu livro (Is 63,16b-17.19b; 64,1b-7), chama a nossa atenção para uma situação gritante que é preciso vigiar: o afastamento de Deus. De fato, no centro deste trecho está a confissão da culpa do povo que se afastou do Deus único e verdadeiro. É em razão dessa distância que o povo não consegue mais reconhecer a face de Deus (64,6). O mal em nós oculta a imagem de Deus, faz os nossos olhos pesados, incapazes de reconhecer o Senhor e a sua ação, na história, em favor do povo, porção de sua herança: “Escondeste de nós a tua face”.

Uma boa revisão de vida nos permite pontuar os elementos de nossas distâncias, a fim de voltarmos para Deus. E, se não vigiarmos nossas atitudes, não chegamos ao lugar do desvio de comportamento.

A fé do Novo Testamento ensina que a verdadeira face de Deus só pode ser conhecida em Jesus Cristo, “imagem do Deus invisível” (Cl 1,15). São Paulo, o convertido do caminho, insiste na necessidade de se permanecer na graça de Cristo, morto e ressuscitado, para perseverar até o fim: “…a tal ponto que não lhes falta nenhum dom.. É ele que também os fortalecerá até o fim” (1Cor 1,3-9).

Não fiquem dormindo! Fiquem vigiando! É assim que São Marcos se expressa em 13,33-37. Esse capítulo, aliás, é denominado: discurso escatológico de Jesus, ou seja, discurso sobre as coisas últimas ou definitivas. Jesus não fala o que fala, como para prever ou contar como será o futuro, mas insiste sobre a necessidade de se estar espiritualmente preparado para os eventos que acontecerão. E como se faz esta preparação espiritual? Essa preparação tem três aspectos: 1) “superar a superficialidade da vida; 2) vencer as armadilhas da sensualidade que nos mantêm prisioneiros das coisas terrena e 3) desmontar o engano proveniente das necessidades da existência”, que fecham cada um na busca desenfreada do seu próprio bem-estar.

Por essa razão a vigilância é uma atitude de quem está atento aos engodos do inimigo da natureza humana e, com a graça de Cristo, supera suas armadilhas. “Vigiar” é, ainda, se manter fiel à tarefa dada por Deus. Trata-se de assumir o seu papel e sua tarefa no Reino de Deus. A vigilância exige, ainda, a oração para não cair no poder da tentação (cf. Lc 22,46).

Não fiquem dormindo! Fiquem vigiando!

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos