Homilia de Dom Edilson Nobre por ocasião da Solenidade da Trindade Santa

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Santíssima Trindade:  a melhor comunidade

 

Celebramos hoje a festa de Deus. É a festa da Santíssima Trindade. Como se festeja Deus? Certamente Deus não precisa de nada. Deus é feliz e nós não podemos dar-lhe nada, que não seja já seu. Mas podemos dizer que a festa de Deus é a nossa fé e o nosso amor. O Evangelho, a este propósito, diz: “Se faz festa no céu, ou seja, no coração de Deus, por cada pecador que se converte”.

A primeira leitura deste domingo é do Livro do Ex 34,4b-6.8-9. Pertence a um contexto no qual destaca o grande desejo que tinha Moisés de encontrar Deus, de ver Deus! Na alma de Moisés queimava um desejo ardente de ir ao encontro de Deus. Que fisionomia de Deus Moisés identifica no Monte Sinai? “Um Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel” (Ex 34,6). Diante de Deus Moisés se prostra e intercede por seu povo: “Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua” (Ex 34,9).

E hoje, como vivemos e como nos relacionamos com Deus? O progresso exaltou o ser humano e o separou da natureza fechando-o na técnica. O orgulho já causou a cegueira em tantos homens e mulheres. Deus tornou-se distante, estanho, irreal para muitos. Nós cristãos somos chamados a viver a fé nesta situação. Mas qual é a noção de Deus que queremos levar ao mundo? O que dizer de especial sobre Deus?

Nós cremos que Deus veio ao encontro do homem e que aconteceu o milagre impensável: Tomou a forma de um corpo humano, entrou na nossa história e acendeu uma luz para mostrar-nos o caminho que leva à verdadeira felicidade. Em Cristo, Deus fez conhecer o seu rosto, a sua intimidade, o seu coração. Esta é uma notícia certamente extraordinária.

Que Deus nos é revelado através de Cristo? Deus é Amor. “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Deus é Amor, Deus é Caridade, Deus é Bondade. Toda a história do mundo e de cada um de nós seja vista nesta perspectiva.

E a Trindade? É uma consequência do mistério do amor infinito de Deus. Deus é Trindade porque é Amor e o amor torna-se comunidade de Pai, Filho e Espírito Santo. Dizer que Deus é amor ou que Deus é Trindade é a mesma coisa.

Foi Jesus que nos fez esta revelação dizendo que o Pai e Ele são uma coisa só. Foi Ele que disse que o Espírito Santo é uma coisa só com o Pai e com o Filho.

Certamente trata-se de um mistério. Mas Deus não pode não ser um mistério. Todavia é um mistério que se ilumina partindo da grande notícia do amor infinito: Se Deus é amor, não é possível que ele seja solidão.

Ao mesmo tempo, olhando o homem, imagem de Deus, nós descobrimos um vestígio trinitário: a família, com a tríplice função (paterna, materna e filial) leva o sinal de Deus-Trindade. Coloquemo-nos diante deste mistério e aprendamos que “as coisas humanas se entende estudando, as coisas de Deus se entende amando” (Pascal).

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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