Hoje se cumpriu essa passagem da escritura

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Estamos ficando, gradativamente, desacostumados com palavra que se cumpre.

Infelizmente, a experiência, no dia-a-dia, é de palavra que não se sustenta, não se mantem, não se honra e, portanto, não se cumpre. A palavra tem poder, mas, está sendo esvaziada de sentido, de valor e de verdade.

Mas, por que a palavra está sendo esvaziada?

Por um lado, porque o poder da palavra está baseado no princípio de coerência. Que dizer, a verdade da palavra está, necessariamente, ligada à verdade da realidade, dos fatos, dos gestos, das ações, das atitudes, dos comportamentos.

Por outro lado, por causa da hipocrisia humana. Quer dizer, por causa do fingimento e simulação de coerência. Ora, a palavra está ligada a uma dada realidade, a fatos, a gestos, a ações, a atitudes, a comportamentos que parecem estar cheios de verdade, mas, no fim, é tudo fingimento. Pior do que ser mentira é ser um faz-de-conta.

O grande problema, em questão, é que, por causa do vazio da palavra e do fingimento das ações, estamos dando lastro para a manutenção de uma sociedade cega para a verdade, tolerante com a injustiça, cumplice das coisas erradas, partidária da corrupção, parcial na defesa do direito, insensível ao clamor do pobre, ciosa do poder, maliciosa na interpretação da lei… vulgar, imoral e antitética.

No evangelho de Lucas 4,16-21. Quando Jesus entra na sinagoga, lê a passagem do Profeta Isaías e, assume a palavra proclamada, dizendo, ao final: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir”, o que Ele faz, na verdade, é chamar a todos os ouvintes para o profetismo da Palavra. Chama a colocar-se no dinamismo da Palavra como Palavra crível porque, a Palavra de Deus é viva e eficaz: “A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes (…) ela sonda os sentimentos e pensamentos mais íntimos” (Hb 4,12).

A palavra está sendo esvaziada por falta de profetismo: Quem fala e quem ouve não tem autoridade. Jesus, sim, tem a autoridade profética. Ele mesmo assume isso: “Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra” (Mt 28,18).

O povo que ouve Jesus, na sinagoga, se vê diante de uma Palavra nova, com autoridade, mas, receia estar diante dos mesmos sem palavra de sempre. E, Jesus, ‘abre o jogo’ para eles: “Todos aprovavam Jesus, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: ‘Este não é o filho de José?’ Mas Jesus disse: ‘Sem dúvida vocês vão repetir para mim o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum.’ E acrescentou: ‘Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria’” (Lc 4,22-24).

O profetismo da Palavra tem, como princípio, a coerência com a verdade. Nesse sentido, sendo, a Palavra de Deus viva e eficaz, como Deus, o mundo está cheio das realizações desta Palavra, naquele “HOJE” que se atualiza a cada dia: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura…”

O discípulo de Cristo vive no mundo, lado-a-lado com as incoerências e hipocrisias do mundo, por isso, precisa firmar-se na Palavra que Permanece como quem está ligado a ela de maneira umbilical: ouve e assimila, acredita e interioriza, assume e proclama, vive e testemunha.

Se somos seguidores do Evangelho de Jesus Cristo, escutemos a orientação que São Paulo dá, na carta a Timóteo: “…proclame a Palavra, insista no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovando e aconselhando com toda paciência e doutrina. Pois vai chegar o tempo em que não se suportará mais a doutrina; pelo contrário, com a comichão de ouvir alguma coisa, os homens se rodearão de mestres a seu bel-prazer. Desviarão seus ouvidos da verdade e os orientarão para as fábulas. Quanto a você, seja sóbrio em tudo, suporte o sofrimento, faça o trabalho de um anunciador do Evangelho, realize plenamente o seu ministério” (2Tm 4,1-5).

 

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Foto: Google

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