Ninguém vive sem alegria! A alegria é uma das fontes mais importantes para o bem da vida humana: serve de alimento e remédio. É natural, ao ser humano, a busca da alegria. Por isso, não falta criatividade às inúmeras iniciativas, atividades e invenções que proporcionam alegria.

A alegria é um bem e, na fé, é uma expressão forte da experiência de Deus. A fé convoca todos os que crêem à alegria do Senhor.

Perigoso, porém, é associar alegria, somente, com prazer. Tal combinação alimenta uma visão distorcida da alegria, chamada hedonismo. O hedonismo é a busca do prazer pelo prazer a qualquer custo e preço. Para o hedonista, sem prazer, a alegria não é alegria o que justifica a busca sempre maior de compensações porque o prazer é insaciável e indomável.

Quem busca o prazer para obter alegria caminha para o abismo da perda de sentido para a vida. A alegria não consiste na evitação da dor e do sofrimento, dos problemas e males. A alegria é muito mais do que prazer. A alegria é, também, prazer mas, é muito mais do que isso, é contentamento, realização, satisfação e consolo.

A vida proporciona, para todas as pessoas, o encontro pessoal com diversas realidades diante das quais se deve tomar atitudes maduras, principalmente quando não é coisa que, imediatamente, causa alegria. Entretanto, ao serem enfrentadas, as situações colocam a pessoa num nível de alegria que pode ser chamada de satisfação, coragem, força…

De qualquer forma, ao mudar a concepção hedonista de alegria, estamos transformando a nossa vida num espaço maior de conquista e realização que jamais verá quem só espera ter prazer.

A Sagrada Escritura assim se posiciona em relação à alegria.

Fl 4,4-7: “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! Que a bondade de vocês seja notada por todos. O Senhor está próximo. Não se inquietem com nada. Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças.  Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês.”

Is 35,1-10: “Alegrem-se o deserto e a terra seca, o campo floresça de alegria; como o narciso, cubra-se de flores transbordando de contentamento e alegria, pois lhe será dado o esplendor do Líbano, a beleza do Carmelo e do Saron. Todos verão a glória de Javé, a beleza do nosso Deus. Fortaleçam as mãos cansadas, firmem os joelhos cambaleantes; digam aos corações desanimados: ‘Sejam fortes! Não tenham medo! Vejam o Deus de vocês: ele vem para vingar, ele traz um prêmio divino, ele vem para salvar vocês’. Então, os olhos dos cegos vão se abrir, e se abrirão também os ouvidos dos surdos; os aleijados saltarão como cervo, e a língua do mudo cantará, porque jorrarão águas no deserto e rios na terra seca.”

Sf 3,14-18: “Grite de contentamento, filha de Sião! Alegre-se, Israel! Fique alegre e exulte de todo o coração, ó filha de Jerusalém! Javé mudou a sentença que tinha contra você, eliminou o seu inimigo. Javé, o rei de Israel, está no meio de você. E você nunca mais verá a desgraça. Nesse dia, será dito a Jerusalém: Não tenha medo, Sião! Não se acovarde! Javé, o seu Deus, o valente libertador, está no meio de você. Por causa de você, ele está contente e alegre e renova o seu amor por você; está dançando de alegria por sua causa, como em dias de festa. Afastarei o mal, para que você não carregue mais o peso da vergonha.”

Eclo 30,21-25: “Não se deixe dominar pela tristeza, nem se aflija com preocupações. Alegria do coração é vida para o homem, e a satisfação lhe prolonga a vida. Anime-se, console o coração e afaste a melancolia para longe. Pois a melancolia já arruinou muita gente, e não serve para nada. Inveja e ira encurtam os anos, e a preocupação faz envelhecer antes do tempo. Coração alegre favorece o bom apetite e faz sentir o gosto da comida.”

Que a sua busca da alegria se faça numa nova ordem interior! Busque a alegria para a felicidade e não, apenas, para o prazer; mesmo que isso lhe custe renúncias, sacrifícios, esperas, dores, sofrimentos e perdas, busque a alegria para a sua dignidade e realização.

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos