A liberdade é, longe, o bem mais precioso do ser humano mas, é, também, a sua maior encruzilhada. Em nome da liberdade, muitos ideais, utopias, lutas, batalhas, revoluções… Em nome da mesma liberdade, porém, muitas ilusões, licenciosidades, perversões, disputas, anarquias, crimes e outros males.
Uma das grandes pretensões de quem se arvora livre é de que a liberdade tudo pode.
A liberdade pode tudo mesmo? Onde está a liberdade? A liberdade existe? Você é, realmente, livre?
Se é para colocar um pouco mais de pimenta, há um pensamento que diz que: ‘Ninguém é livre! A única liberdade que temos é a de escolher de quem seremos escravos; a quem iremos servir; porque, de alguma forma, todos somos escravos de alguma coisa ou de alguém, na vida.’
Ora, a liberdade existe, mas não é onipotente; não pode tudo; não faz tudo.
A verdadeira Liberdade nasce da Disciplina e não sobrevive sem ela! Disciplina não é, simplesmente, seguir uma lei; viver debaixo da lei ou ser contido por ela, mas ter uma lei interior, Autonomia. E para se chegar a isso, é preciso uma caminhada muito longa de Obediência e de Amor.
Nesse mundo, nada é absoluto; tudo é relativo. Logo, liberdade é relativa; é relativa à disciplina, à autonomia, à obediência, ao amor e a muito mais.
Absoluto, somente Deus! Por isso, qualquer coisa que tratemos, na fé, tem relação imediata com a Vontade de Deus, que não é um capricho divino, mas, a sabedoria encarnada. Sendo assim, o cristão só é livre se sabe aceitar a Vontade de Deus, antes de querer entendê-la, racionalizá-la ou explicá-la. Quem aceita a vontade de Deus descobre a liberdade, a disciplina, a autonomia, a obediência, o amor…
Quer ser livre, ‘faça tudo o que ele mandar!’ Faça sem medo, porque não existe nada na vontade de Deus que possa ser mal para o homem; porque Deus não pode negar-se a si mesmo: “Estas palavras são certas: Se com ele morremos, com ele viveremos; se com ele sofremos, com ele reinaremos. Se nós o renegamos, também ele nos renegará. Se lhe formos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode renegar a si mesmo” (2Tm 2,11-13).
Quando, nas bodas de Cana, Maria diz aos serventes: ‘façam o que ele mandar’ não está falando de uma obediência cega a uma lei qualquer. Está falando de uma adesão firme e convicta a um Projeto que se dá como Aliança com Deus e que, ela mesma experimentou na anunciação: “Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. Para Deus nada é impossível. Maria disse: ‘Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra’” (Lc 1,36-38).
Ora, a vontade de Deus nos coloca dentro de uma perspectiva muito mais ampla de vida onde Deus, tudo pode e, isso deve ser um imperativo da liberdade.
Vamos, portanto, ao texto bíblico das bodas de Cana, Jo 2,1-11. “No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava aí. Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos. Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não têm mais vinho!’ Jesus respondeu: ‘Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou.’ A mãe de Jesus disse aos que estavam servindo: ‘Façam o que ele mandar.’ Havia aí seis potes de pedra de uns cem litros cada um, que serviam para os ritos de purificação dos judeus. Jesus disse aos que serviam: ‘Encham de água esses potes.’ Eles encheram os potes até a boca. Depois Jesus disse: ‘Agora tirem e levem ao mestre-sala.’ Então levaram ao mestre-sala. Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha. Os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água. Então o mestre-sala chamou o noivo e disse: ‘Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora.’”
Façam o que Ele mandar e você será livre em Deus!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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